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Minha Irmã (filme)
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Minha Irmã

Avaliação:
7.5/10

7.5/10

Crítica | Ficha técnica

O adolescente Antoine Doinel, personagem de Os Incompreendidos (Les quatre cents coups, 1959), de François Truffaut, parece reencarnar em Simon, o protagonista de Minha Irmã (L’enfant d’en haut). Interpretado por Kacey Mottet Klein, Simon ganha dinheiro vendendo equipamentos de esqui que ele rouba numa estação turística na Suíça. Dessa forma, consegue sobreviver com sua irmã mais velha Louise (Léa Seydoux, um ano antes de Azul é a Cor Mais Quente [La vie d’Adèle, 2013]), já que os dois vivem sozinhos, pois perderam os pais num acidente (pelo menos, essa é a história que Simon conta).

Para Simon, esse inverno dos seus doze anos será um marco em sua vida, assim como o breve trecho da vida de Antoine Doinel que o filme de estreia de Truffaut acompanha. E, como Doinel, Simon conduz uma vida indomável, pensando que é “o cara” porque faz suas malandragens sem nunca ser pego. Simon ganha bem mais dinheiro do que sua irmã que trabalha. Mas a criança dentro desses jovens protagonistas ainda está viva. Por isso, nos momentos em que as coisas dão errado, a vulnerabilidade aflora, e a carência por um gesto carinhoso se faz urgente. Isso explica seu esforço para atrapalhar o namoro da irmã, que começa a ficar sério e ele teme perdê-la.

Em amadurecimento

Mas suas contradições revelam um caráter ainda em formação. Simon, nesse sentido, busca o abraço da irmã, com quem acabara de brigar. Além disso, se aproxima de uma turista (papel de Gillian Anderson) que cuida muito bem de seus filhos. Seu desejo intrínseco é ter uma mãe como ela. Porém, quando tem a oportunidade, rouba dela um relógio. Tudo culmina no fim do inverno, e do filme, quando a temporada de esqui se encerra e não há mais nenhum turista para roubar. Contudo, como no icônico frame congelado de Os Incompreendidos, Simon tem, no lugar da praia, a vastidão dos vales montanhosos, ou seja, ainda uma vida inteira pela frente. Mas Simon deverá explorar esse caminho sozinho, como revela o desencontro dele com a irmã que está no teleférico na direção inversa.

Minha Irmã prende o espectador do início ao fim porque tem o apelo do jovem desajustado, cuja força cinematográfica está mais que provada. O protagonista não é bonzinho, longe disso, pois rouba, engana, toma decisões erradas. Chega a se comportar de forma irritante, em momentos que o aproximam do menino de Alice Não Mora Mais Aqui (Alice Doesn’t Live Here Anymore, 1974). Porém, ele tem o seu outro lado, até mais forte, porque vem de dentro essa incontrolável carência, que leva ao cuidado que ele dedica à irmã. Aliás, seria interessante acompanhar o crescimento de Simon em novos filmes, repetindo ainda mais a trajetória de Antoine Doinel.

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Ficha técnica:

Minha Irmã | L’enfant d’en haut | 2012 | 97 min | Suíça, França | Direção: Ursula Meier | Roteiro: Antoine Jaccoud, Ursula Meier, Gilles Taurand | Elenco: Léa Seydoux, Kacey Mottet Klein, Martin Compston, Gillian Anderson, Jean-François Stévenin, Yann Trégouët, Gabin Lefebvre.

Onde assistir:
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