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Missão de Sobrevivência (filme)
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Missão de Sobrevivência

Avaliação:
6.5/10

6.5/10

Crítica | Ficha técnica

Chamar o filme de Missão de Sobrevivência e promovê-lo como um filme estrelado por Gerard Butler produzem um apelo pouco impactante para o público. Concordo que o título original – “Kandahar”, ou Cadaar, a cidade afegã – também é pouco convidativo, mas o título nacional escolhido é genérico demais. Uma pena, pois o filme é mais do que um filme de ação estrelado por Butler – e dirigido por Ric Roman Waugh. Juntos os dois já lançaram Invasão ao Serviço Secreto (Angel Has Fallen, 2019) e Destruição Final: O Último Refúgio (Greenland, 2020). Neles, obtiveram resultados acima da média, tal qual esse novo filme.

O que não quer dizer, porém, que Missão de Sobrevivência não tenha seus problemas, principalmente no roteiro do estreante Mitchell LaFortune. O tema chama a atenção para o importante trabalho dos tradutores locais nas zonas de conflito do Oriente Médio. Aliás, com a mesma abordagem reverencial do recente O Pacto (The Covenant, 2023), de Guy Ritchie.

O enredo acerta na busca pela humanização de todos os lados envolvidos nas guerras. No entanto, tenta abarcar tantos personagens que muitos deles carecem de um aprofundamento adequado. É o caso, por exemplo, da jornalista Luna Cujai (Nina Toussaint-White), que recebe informação classificada de armamentos iranianos. Por isso, recebe retaliação, com ameaça à sua vida, e some do filme, reaparecendo de repente perto da conclusão. Além disso, o longa não explica devidamente quem é o maior oponente do protagonista Tom Harris (Butler), com quem este duela no final. E o mesmo acontece com o seu aliado, o poderoso Roman Chalmers (Travis Fimmel), que enriqueceu às custas da guerra.

Humanização

A trama se inicia em Qom, no Irã. Tom Harris consegue infiltrar um dispositivo que permite que os americanos da CIA hackeiem o sistema de uma base de armas e a explodam. Prestes a retornar para casa, Tom recebe uma oferta de Roman para uma nova missão – o velho clichê do “último trabalho antes de largar essa vida”. Para isso, conta com a ajuda do intérprete Mohammad Doud (Navid Negahban). Esse personagem recebe bastante atenção no filme, retratado desde sua entrada sob disfarce no país. Mas, essa nova missão não dá certo, e Tom e Mohammad precisam fugir pelo deserto até chegarem a Cadaar. Lá, um avião os aguarda para os levar de volta aos Estados Unidos.

Como dito acima, o filme humaniza os envolvidos na guerra. E esse é o seu maior diferencial.
Torna-se crucial, aliás, que você assista a uma versão em que as falas dos habitantes locais também estejam traduzidas, e não apenas aquelas ditas em inglês. Mas, se o filme parece um tanto longo demais para contar a narrativa da trama, isso se justifica pela preocupação em se debruçar também sobre os personagens secundários, inclusive abrindo espaço para que possam justificar suas ações nesse cenário conflituoso. No entanto, o enredo simplifica essas motivações, reduzindo-as basicamente ao interesse financeiro. De qualquer forma, se destaca a cena que mostra as reflexões de Tom e de Mohammad sobre os eventos que acabaram de vivenciar, em rápidos flashbacks com tema musical melódico.

Menos heroico

Como filme de ação, Missão de Sobrevivência se diferencia também por ser menos heroico do que os habituais filmes do gênero. Aqui, o protagonista falha em sua missão, e precisa fugir. Ele não tem superpoderes, nem habilidades especiais, embora o supervisor da CIA diga em certo momento que ele é o “tipo de cara que ele gosta”, após ele escapar de uma perseguição. Até a metade do filme, Tom Harris não realiza nada tão extraordinário (em termos de cinema, claro). Mas, a partir daí, protagoniza duas cenas, muito bem filmadas, onde realiza feitos heroicos. Numa delas, o diretor Ric Roman Waugh trabalha com eficiência a visão noturna, e constrói uma emocionante perseguição de helicóptero ao carro onde está Tom e seu tradutor. Na outra, perto do final, os efeitos especiais é que fazem o trabalho principal, com explosões múltiplas, ao mesmo tempo que consegue isolar um duelo um-a-um.

Enfim, com tudo isso, Missão de Sobrevivência soa mais árido, menos grandioso do que o habitual filme de guerra. Consegue o mérito de buscar a humanização de todos os envolvidos nos conflitos, e não apenas dos americanos, mas não alcança plenamente o seu objetivo, pois deixa alguns personagens sem profundidade.

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Ficha técnica:

Missão de Sobrevivência | Kandahar | 2023 | 119 min | EUA, Arábia Saudita | Direção: Ric Roman Waugh | Roteiro: Mitchell LaFortune | Elenco: Gerard Butler, Navid Negahban, Tom Rhys Harries, Farhad Bagheri, Nina Toussaint-White, Travis Fimmel, Vassilis Koukalani, Hakeem Jomah, Ali Fazal, Ray Haratian, Rebecca Calder, Olivia-Mai Barrett.

Distribuição: Califórnia Filmes.

Trailer aqui.

Onde assistir:
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