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Monster (filme)
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Monster

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

Em Monster, Hirokazu Koreeda expande a temática de seus filmes. Apesar de ainda colocar a família como um dos alicerces da trama, o diretor japonês explora outros aspectos sociais e psicológicos. Expõe, assim, a rigidez das tradições como um obstáculo para um relacionamento mais humanizado entre as pessoas, e para uma abertura para novas formas de amar. Mas, acima de tudo, a força do filme se concentra em sua estrutura narrativa, erguida a partir das diferentes realidades, ou impressões dela, de acordo com as perspectivas, seguindo o que fez Akira Kurosawa em Rashomon (1950).

Diferentes versões

Descobrir a verdade a partir dos diferentes pontos de vistas dos personagens principais exige atenção total do espectador, pois o filme apresenta, como no filme de Kurosawa, os relatos individualizados em capítulos. Primeiro, acompanha a aflição de Saori, que vê comportamentos estranhos do seu filho pré-adolescente Minato. Ao falar com a escola onde ele estuda, descobre uma diretora fria e professores se desculpando apenas para colocar panos quentes no assunto. O que só deixa a mãe mais desconfiada. Então, munida de informações paralelas, ela conclui que o professor Hori agrediu o seu filho.

Em seguida, a história revela a perspectiva de Hori. Sobressai a intenção, nesse ponto, de criticar as fake news. Agora, o professor, visto como vilão no segmento anterior, assume o papel de vítima. Alguns alunos alegam que o viram em uma boate de acompanhantes, mas na verdade ele estava ali perto com sua namorada. Além disso, várias frases ditas por outras pessoas acabam atribuídas a ele, entre outras inverdades que acabam por estragar sua imagem na escola. Imagem que sucumbe também às hipocrisias da diretora da escola e dos demais professores, dispostos a preservar a instituição mesmo prejudicando Hori.

O espectador, então, aguarda a visão do menino Minato, aquela capaz de elucidar o que realmente aconteceu. E o filme dedica a essa parte uma atenção maior. A narrativa até quebra a cronologia, recurso que torna o esclarecimento ainda mais instigante. Além da perspectiva de Minato, é crucial também entender o que acontece com seu amigo Yori, chamado pelo pai de monstro, de cérebro de porco, esperando assim que ele se recupere de sua “doença” (a famigerada cura gay dos homofóbicos).

Detalhes

Algumas peças desse quebra-cabeças são detalhes desafiadores que recompensam o espectador atento. Lembram o efeito provocado por Drive My Car (2021), de Ryusuke Hamaguchi. O som do trombone, por exemplo, que se ouve durante o filme e que só perto do final recebe a devida explicação. Ou mesmo a conclusão, que indica a única solução para o amor que foi proibido pela sociedade preconceituosa. O clarão branco, a ponte livre das cercas, deixam evidente o final trágico e triste deste belo melodrama. Embalado pela sensível trilha musical de Ryuchi Sakamoto, a última do compositor que viria a morrer em 2023, é impossível não se emocionar. 

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Ficha técnica:

Monster | Kaibutsu | 2023 | 126 min | Japão | Direção: Hirokazu Koreeda | Roteiro: Yuji Sakamoto | Elenco: Sakura Ando, Eita Nagayama, Soya Kurokawa, Hinata Hiiragi, Mitsuki Takahata, Akihiro Kakuta, Shido Nakamura, Yuko Tanaka.

Distribuição: Imovision.

Assista ao trailer aqui.

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