Mouse Trap: A Diversão Agora é Outra segue a mania atual de produzir filmes sobre antigos personagens infantis que caem no domínio público. Assim, depois do Ursinho Pooh, da Cinderela, da Alice (no País das Maravilhas) e de outros, chega a vez do Mickey Mouse. Esta apropriação para o terror da criação de Walt Disney é o quinto longa do diretor Jamie Bailey, especialista no gênero.
Visivelmente feito a toque de caixa, para obter a vantagem da novidade de ser um dos primeiros lançamentos de terror com o Mickey, Mouse Trap nem aproveita as características do célebre personagem. De fato, traz apenas o serial killer com a máscara do Mickey em sua primeira versão de 1928. Para forçar uma relação mais forte, o filme exibe trechos dessa animação da Disney que entrou em domínio público no meio da história e nos créditos finais.
Na verdade, não faria nenhuma diferença para a trama se inexistisse qualquer referência ao Mickey. A origem do terror surge quando o gerente de um fliperama, fã de cinema, recebe o espírito maligno do personagem enquanto assiste ao seu desenho animado. A máscara do Mickey, que ele passa a vestir em seus ataques, faz parte de sua coleção. No entanto, explicar por que esse espírito é do mal, o enredo não explica. Some isso ao final abrupto e sem sentido, e se sobressai a sensação de que, dessa forma, os realizadores optaram pela solução mais fácil. Para eles, parece que basta juntar as cenas de ação e se despreocupar com a construção de uma narrativa coesa.
Mickey Mau
Além disso, antes de o filme começar, entra uma dispensável piada sem graça. O texto sobe na tela imitando a abertura dos filmes de Star Wars – efeito manjado e utilizado até em vídeos de retrospectiva de casamentos. A brincadeira soa tola e repetitiva, tentando fazer rir com o fato de que essa produção não é endorsada pela Disney (obviamente que não é).
Enfim, o espectador que resistir a essa bobagem do prólogo se depara com um slasher batido e previsível. Um grupo de oito jovens se reúne num fliperama para a festa de aniversário surpresa de Alex (Sophie McIntosh), que trabalha no estabelecimento. O relato da chacina é contada por Rebecca (Mackenzie Mills), uma das sobreviventes, enquanto dois detetives a interrogam na delegacia.
Seguindo os clichês, o serial killer (o gerente com a máscara do Mickey, interpretado pelo roteirista do filme, Simon Phillips) começa a matar os jovens. As cenas dos assassinatos são fracas, não provocam sustos nem medo. O enredo inclui um triângulo amoroso, mas este tampouco desperta algum interesse. O que poderia acrescentar alguma criatividade – a inclusão da narradora no rol de admiradores da protagonista – fica restrito a alguns comentários.
Em tempo, o Mickey assassino tem poder de teletransporte (sem nenhuma explicação a respeito disso) e medo da luz estroboscópica (o que tem a ver com as técnicas de animação). Mas, nada mais há a acrescentar sobre esse vilão criado com pouca imaginação. Mouse Trap: A Diversão Agora é Outra, no fundo, não passa de um fruto do oportunismo.
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Ficha técnica:
Mouse Trap: A Diversão Agora é Outra | The Mouse’s Trap | 2024 | 80 min. | Canadá | Direção: Jamie Bailey | Roteiro: Simon Phillips | Elenco: Simon Phillips, Sophie McIntosh, Madeline Kelman, Ben Harris, Callum Sywyk, Mireille Gagné, James Laurin, Kayleigh Styles, Mackenzie Mills, Allegra Nocita, Damir Kovic, Nick Biskupek, Wyatt Dorion.
Distribuição: A2 Filmes.
Trailer: