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Homicídio (filme)
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Homicídio

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

David Mamet é muito respeitado como dramaturgo e roteirista, e quando assume a direção produz filme magníficos como sua estreia “O Jogo de Emoções” (1987). Seu terceiro trabalho nessa função, “Homicídio”, demonstra sua genialidade como escritor, sempre trazendo tramas elaboradas, e sua competência como diretor. Além disso, por trás do enredo policial, Mamet desenvolve um enigmático arco psicológico do protagonista.

A trama

Bobby e seu amigo Tim – interpretados por Joe Mantegna e William H. Macy, dois atores que Mamet dirigiu com frequência – são policiais da divisão de homicídios encarregados de prender um traficante de drogas. Porém, quando Bobby interfere em um pequeno caso de morte em um roubo a um mercadinho de rua, ele é destituído do caso do traficante para investigar esse assassinato, a contragosto.

Como o filho da dona da loja, vítima do assalto, é influente e rico, ele consegue que Bobby se encarregue do caso. Sua preferência por ele se baseia no fato de ele ser judeu, como sua família. Porém, Bobby não liga muito para sua religião, e não aceita tão facilmente a alegação da família de que esse crime se trata de um caso de extermínio de judeus. Logo, suas investigações o levam a um grupo sionista secreto, enquanto é criticado por não manter as suas tradições.

Nova Hollywood

Sob certo aspecto, Mamet parece influenciado pelos roteiros da Nova Hollywood. Afinal, o teor de “Homicídio” é amargo, e a desesperança estampada no rosto de Bobby no final nos relembra a época do final dos anos 1960 até meados dos anos 1970, quando o sonho hippie tinha dado lugar às guerras onipresentes na televisão. Por isso, nada é preto no branco, nem mesmo a ameaça de um neonazismo que o grupo judeu combate com um ato terrorista. Para isso, usam Bobby, que pensa que dessa forma recuperará uma identificação com suas origens. No entanto, descobre que, antes disso, ele precisaria ser aceito pelo grupo.

Assim, o combate sionista, utilizando meios abomináveis, é um espelho da Guerra do Vietnã e de outras que os EUA participam com fins questionáveis. Não à toa, a dona da loja assassinada também negociava armas. Para piorar, Bobby, ao buscar essa redenção, acaba por virar as costas para Tim, que no filme é sua única ligação verdadeira.

Dúbio

De fato, o filme a toda hora trabalha com a dubiedade, um reflexo do caráter debilitado de Bobby. Nesse sentido, o policial não se nega a ludibriar a mãe do traficante para que ela revele seu paradeiro. Depois, ainda usa esse fato como uma traição da mãe, quando enfrenta o criminoso cara a cara. Mesmo oficialmente afastado desse caso, Bobby continua a trabalhar nele, à revelia, deixando de cumprir suas responsabilidades no caso em que deve investigar.

Até mesmo a conclusão do filme é incerta. Não temos certeza se o crime da loja realmente se trata somente de um assalto. Na verdade, esta é a conclusão que o delegado assume diante da frágil prova testemunhal de dois meninos. Porém, talvez tenha sido um extermínio de judeu que o grupo sionista resolveu acobertar.

Enfim, a única certeza que temos é que Bobby termina o filme questionando a si mesmo. Provavelmente, ele está em uma situação pior do que no início da estória. Mas, pelo menos, consciente de que possuía essa lacuna a preencher. Durante a estória, o protagonista foi obrigado a se questionar sobre quem ele realmente é. No entanto, no final ele ainda continua em dúvida.


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