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Mudbound: Lágrimas sobre o Mississipi (filme)
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Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi

Avaliação:
9/10

9/10

Crítica | Ficha técnica

Sob a poética solução narrativa de Mudbound: Lágrimas sobre o Mississipi gritam dois traumas ainda não superados na sociedade estadunidense, a guerra e o racismo. O primeiro dá origem e o segundo sela o fim da amizade entre dois rapazes, Jamie McAllan (Garrett Hedlund) e Ronsel Jackson (Jason Mitchell).

A estória envolve a família dos dois, com vários protagonistas. Laura (Carey Mulligan) se casa precipitadamente com Henry McAllan (Jason Clarke), um homem com futuro promissor, mas que cai em um golpe e compra uma fazenda em precárias condições. Com duas filhas pequenas e ainda o velho Pappy McAllan (Jonathan Banks), pai de Henry, o casal tentar tornar a propriedade rentável, contando com Hap Jackson (Rob Morgan) e sua esposa Florence (Mary J. Blige) como empregados.

Quando Jamie, irmão caçula de Henry, e Ronsel, o primogênito dos Jacksons, retornam da Segunda Guerra Mundial, a experiência no front os une em uma amizade não aceita pela sociedade racista do local. Então, Jamie encontra na bebida o alívio para os dramas que viveu em combate. Já Ronsel vivenciou na Europa uma sociedade onde negros e brancos convivem harmoniosamente. E, isso lhe permitiu um romance com uma mulher branca alemã. Por isso, ele não aceita mais o preconceito em sua terra local. Em um tempo em que a Ku Klux Klan ainda praticava suas atrocidades, os dois rapazes enfrentarão uma premeditada tragédia.

Solução narrativa singular

Em seu segunda longa-metragem para o cinema, a diretora e roteirista Dee Rees emprega uma solução narrativa singular, poética até. Como a estória possui vários protagonistas, a transição entre eles pedia um recurso bem bolado. Assim, Rees resolve a questão inserindo o pensamento dos personagens, que se alternam como narradores em diferentes trechos. Essa transição possibilita ao espectador a empatia com cada um deles.  Além disso, o recurso permite ainda que a diretora jogue com a proximidade de Jamie e Ronsel, na sequência final, mesmo quando eles precisam seguir rumos diferentes. Os pensamentos narrados dos dois se mesclam e mal identificamos quem é que está narrando, evidenciando a ligação ainda existente entre eles.

Aliás, o paralelo dos acontecimentos entre as duas famílias, que as amarra na estória, é explorado também no momento em que os dois rapazes enfrentam risco de morte na guerra e Pappy McAllan quebra a perna ao cair de uma escada na fazenda.

Premiações

Mudbound: Lágrimas sobre o Mississipi foi indicado a quatro Oscars. Dee Rees e Virgil Williams concorrem pelo de roteiro adaptado (do livro de Hillary Jordan), pelo clamor ainda necessário contra o preconceito nos estados sulistas como o Mississipi. A atriz coadjuvante Mary J. Blige é outra indicação, apesar de que um prêmio pelo ensemble cast, que premiasse o conjunto dos atores reconhecesse com mais justiça o desempenho que se vê no filme. Adicionalmente, a canção “Mighty River”, interpretada pela própria Mary J. Blige, e que surge nos créditos finais em tom meditativo também foi indicada.

Porém, o prêmio que Mudbound: Lágrimas sobre o Mississipi merece mais entre os que foi indicado é o de melhor fotografia. O trabalho de Rachel Morrison é belíssimo. Para isso, ela aproveita a paisagem do campo para criar enquadramentos que parecem pinturas. Lembram as lindas imagens dos filmes de Terrence Malick.

Em suma, Mudbound: Lágrimas sobre o Mississipi, sim, é mais um filme sobre racismo nesse estado sulista. Mas que consegue passar sua mensagem com poesia na narrativa. Além disso, conta imagens inesquecíveis e interpretações aguerridas. Como resultado, emociona, e muito, em especial na cena da provação de Ronsel.


Onde assistir:
Mudbound (filme)
Mudbound (filme)
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