Mundo em Caos parte de uma premissa instigante. No ano 2257, alguns humanos vivem em um novo planeta. Lá, os pensamentos podem ser ouvidos e até vistos pelas outras pessoas. Mas, curiosamente, esse fenômeno não afeta as mulheres.
Uma nova onda de emigração está levando quatro mil terráqueos para esse Novo Mundo. Antes dessa gigantesca nave desembarcar, chega ao planeta uma missão de exploração. Porém, devido a um acidente, somente uma jovem moça, Viola (Daisy Ridley), sobrevive. Quem a encontra é um rapaz com idade próxima à sua, de nome Todd (Tom Holland). Então, a fim de protegê-la do prefeito, que matou todas as mulheres do vilarejo, Todd a leva até um povoado distante.
Roteiro em caos
Assinam o roteiro Christopher Ford e Patrick Ness, este o autor da trilogia de livros “Mundo em Caos”, que deu origem ao filme. Contudo, essa transposição não consegue desenvolver um enredo fílmico empolgante. Ao condensar a trama para um longa de menos de duas horas, muitos pontos ficaram sem sentido.
Para começar, a fuga de Todd e Viola para o vilarejo parece uma péssima ideia. Afinal, a dupla atrai o prefeito e seus seguidores para essa comunidade onde as mulheres ainda convivem harmoniosamente com os homens. Dessa forma, todos os moradores ficam em situação de perigo. Além disso, Viola não recebe nenhuma proteção efetiva nesse local.
Sob outro aspecto, Viola persegue o objetivo de se comunicar com a nave mãe que aguarda suas notícias. Porém, o filme não revela qual sua intenção. Segundo o prefeito, ela dará sinal verde para a nave pousar no planeta com seus quatro mil passageiros. Por isso, ele quer evitar que isso ocorra, acreditando que essa chegada trará o caos para o Novo Mundo. Já Todd teme que Viola parta com a nave e ele não poderá mais vê-la. Com isso, sem um ponto de chegada definido, o espectador acaba perdendo o interesse em acompanhar a jornada dos protagonistas.
Pensamentos expostos
Por outro lado, o diretor Doug Liman consegue superar o desafio de mostrar na tela esse fenômeno da exposição dos pensamentos. Ou seja, o espectador identifica os pensamentos pelas vozes que os personagens emitem sem abrir a boca, e pelas névoas ao redor de suas cabeças. Além disso, também pelas imagens que retratam o que está nas suas mentes.
No entanto, alguns homens aprenderam a lidar com isso. Assim, uns conseguem ocultar o que se passa em sua mente, e outros até desenvolveram a habilidade de manipular esse efeito. Por exemplo, o prefeito consegue criar imagens para ludibriar seus adversários.
Elenco
Ademais, o filme aproveita esse fenômeno para criar alguns momentos cômicos. Nesse sentido, cai muito bem a escolha de Tom Holland para o papel de Todd. Como ele já provara ao encarnar o Homem-Aranha, sua figura insegura e frágil ajuda a compor as características de seu personagem em Mundo em Caos.
Ao seu lado, encontramos Daisy Ridley, de cabelos loiros e aparência mais jovem do que na trilogia final de Star Wars. Tal qual aconteceu com Tom Holland, sua escolha também parece influenciada pela famosa heroína que interpretou anteriormente. Afinal, em Mundo em Caos, Ridley vive uma protagonista forte, hábil e destemida como a Rey.
Direção
O diretor Doug Liman já lidou com esse universo da ficção científica juvenil em Jumper (2008). Outra sci-fi em seu currículo é No Limite do Amanhã (2014), protagonizado por Tom Cruise, ator que ele dirigiu também em Feito na América (2017). Recentemente, realizou durante a pandemia o filme Confinamento (2021). Em sua carreira irregular, Mundo em Caos é um dos pontos baixos. Aliás, uma produção complicada, cujas filmagens principais aconteceram em 2017, mas partes foram refilmadas em 2019.
O filme frustra os fãs do livro de Patrick Ness e, também, aqueles desavisados que esperavam uma ficção científica séria, diante da sua premissa promissora. Ao final, o público encontra apenas uma aventura sem sentido.
