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Não Olhe (2018)
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Não Olhe

Avaliação:
5/10

5/10

Crítica | Ficha técnica

Um roteiro descuidado estraga as boas referências do filme Não Olhe.

Maria (India Eisley) sofre por ser muito arredia, com uma grave falta de confiança que a torna vítima fácil de bullying na escola, principalmente do valentão Mark (John C. MacDonald). Ela não possui amigos, o mais próximo disso é Lilly (Penelope Mitchell), sua amiga desde os dois anos de idade. Porém, esse relacionamento está se deteriorando porque Lilly sente ciúmes de seu namorado Sean (Harrison Gilberton), por ser o único que se importa com Maria. O pai dela, Dan (Jason Isaacs), é um bem sucedido cirurgião plástico que pensa que a filha é um enorme fracasso. E a mãe, interpretada por Mira Sorvino, vive dopada para aguentar um trauma do passado.

Nos créditos iniciais, acompanhamos um ultrassom de um útero com dois fetos, e Maria encontra uma imagem dessa escondida no espelho do banheiro de sua casa. A partir da possibilidade de ter tido uma irmã gêmea, Maria começa a interagir com a sua imagem refletida, que se chama Airam (Maria de trás para frente). Então, ela passa a lhe dar conselhos para tornar Maria mais confiante. Porém, no baile de inverno, que acontece em uma pista de gelo, Maria é humilhada por Mark. Desesperada, Maria permite que Airam assuma sua vida.

Vingança

A cena em que Airam começa a incorporar Maria convida o público a compartilhar seu desejo de vingança. Airam para em frente ao prédio da escola e uma música pulsante embala essa nova personalidade da garota. Então, ela destrói todos que a maltrataram: Mark, Lilly e o pai, que guarda um terrível segredo que explica a origem de Airam. E, isso está espertamente ligado à profissão de cirurgião plástico. No entanto, Airam perde o controle e passa a atacar também quem ama.

O melhor do filme Não Olhe é o uso dos espelhos, ou dos reflexos em geral, como o vetor do mal que transforma a garota de 17 anos Maria. Aliás, as imagens refletidas fazem parte do portfólio de ícones do cinema, habitualmente representando a duplicidade de personalidades de um personagem. Como é o caso desse filme canadense dirigido e escrito pelo israelense Assaf Bernstein.

Irmãs Diabólicas

A estória é uma referência clara a Irmãs Diabólicas (1972), o filme de Brian De Palma que colocava Margot Kidder como uma psicopata que matava assumindo a personalidade da irmã gêmea morta. Ambos filmes permitem uma leitura psicológica no comportamento assassino de suas protagonistas, mas Não Olhe abre também uma perspectiva sobrenatural. Com isso, mais o tema da vingança, lembramos de outro clássico de De Palma, Carrie, a Estranha (1976).

Porém, Não Olhe está longe da qualidade dessas obras de De Palma. Sem entrar no óbvio abismo de talento entre os diretores, o filme de Assaf Bernstein possui muitas inconsistências que detonam a boa ideia original do uso dos reflexos. Nem sempre os reflexos de Maria, ou de Airam, assumem a personalidade oposta. Por exemplo, quando Airam está no carro de Lilly, a caminho da pista de gelo onde praticará sua vingança. Nessa cena, o retrovisor mostra Maria cantando alegremente igual a Airam, quando o roteiro devia ter colocado a parte boa da garota tentando evitar a vingança.

Aliás, o mesmo se pode dizer nos demais crimes de Airam que deveriam ter explorado com mais coerência as imagens refletidas. O filme, além disso, se esquece de mostrar o que acontece com o valentão Mark, quando Airam o ataca no vestiário. Aparentemente, ela o assassinou, mas não há nenhuma menção a isso, nem a menor repercussão na escola.

De fato, há tantas falhas no filme Não Olhe que fica difícil o espectador embarcar na trilha de vingança de Maria, seja torcendo a favor ou contra ela.


Onde assistir:
Não Olhe (2018)
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