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Neve Negra (filme)
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Neve Negra

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Em seu segundo longa-metragem, “Neve Negra”, o diretor Martin Hodara comprova as suspeitas de ser o herdeiro do talentoso Fabián Bielinsky. Este último foi a maior revelação do cinema argentino, mas faleceu em 2006 deixando uma filmografia enxuta de dois filmes espetaculares, “Nove Rainhas” (Nueve Reinas, 2000) e “Aura” (El Aura, 2005). Em ambos, Hodara foi o diretor de segunda unidade.

A estreia de Hodara, sem contar os curtas, foi com “O Sinal” (La Señal, 2007), um filme policial, gênero das duas grandes obras de Bielinsky. Agora, em “Neve Negra”, ele novamente aborda uma estória de crime e mistério, com o mesmo cuidado do colega falecido em relação a se aprofundar na psicologia dos personagens.

A trama de “Neve Negra”

Após a morte do pai, Marcos (Leonardo Sbaraglia) retorna da Espanha, onde vive, para a região da Patagônia em que foi criado ao lado de três outros irmãos. A sua família se despedaçou após a morte do filho mais novo, em uma tragédia durante uma caçada, quando um dos irmãos o acertou com um tiro de espingarda. Acompanhado de sua esposa espanhola, Laura (Laia Costa), ele tenta se aproximar do irmão mais velho, Salvador (Ricardo Darín), com quem não fala há anos e que vive isolado na antiga casa na floresta onde moravam todos. A irmã enlouqueceu e vive em um manicômio sob tratamento. Há uma oferta milionária para que os irmãos vendam as terras, e Marcos tentará convencer Salvador a aceita-la. As feridas do passado, porém, impedem qualquer aproximação.

Flashback dosado

E em “Neve Negra”, o diretor Martin Hodara arrisca ao inserir várias cenas de flashback para contar, aos poucos, o que aconteceu na tragédia que destruiu a família. Sua maior ousadia é não fazer uso de nenhum recurso (fotografia, música, legenda, etc) para diferenciar o que se passa no presente e o que faz parte do passado. De fato, a distinção temporal se encontra apenas no uso de atores adolescentes nos flashbacks. Porém, à medida que ele revela as informações sobre o evento trágico, o espectador pode ir montando o quebra-cabeças. E com a certeza de que há algo além do fato que foi considerado verdadeiro, ou seja, que Salvador atirou em Juan por acidente e isso destruiu a família.

Constantemente, os diálogos envolvem perguntas que ficam sem resposta. Não apenas o tácito Salvador, mas também Marcos prefere não dizer nada, quando questionado. Isso evidencia que há segredos na família sobre os quais eles ainda não se sentem confortáveis para discutir.

A conclusão

O clima de mistério construído para o espectador recebe uma conclusão satisfatória, indo ao encontro da expectativa de alguma revelação chocante que foi criada. A solução ultrapassa o whodunit – descobrir quem é o assassino – e envolve os motivos que levaram ao evento. Portanto, preenche a necessidade de se aprofundar os personagens, para se compreender o que os transformou em quem eles são hoje. Enfim, o encerramento de “Neve Negra” é brilhante, quando a personagem Laura olha diretamente para o espectador, tornando-o cúmplice de sua decisão em relação a sua vida e de seu marido.

Entretanto, “Neve Negra” facilita ao espectador descobrir parte essencial do mistério sobre a tragédia, porque inclui um prólogo que entrega uma pista para esse segredo. Sem essa introdução reveladora, o filme ganharia mais suspense, e o tornaria uma obra muito superior.


Ficha técnica:

Neve Negra (Nieve Negra, 2017) Argentina/Espanha, 90 min. Dir: Martin Hodara. Rot: Leonel D’Agostino, Martin Hodara. Elenco: Leonardo Sbaraglia, Laia Costa, Ricardo Darín, Dolores Fonzi, Federico Luppi, Andrés Herrera, Mikel Iglesias, Iván Luengo, Biel Montoro, Liah O’Prey.

Assista: entrevista com Martin Hodara, diretor de “Neve Negra”

Onde assistir:
Neve Negra (filme)
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