Poster de "Nosferatu - O Vampiro da Noite"
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Nosferatu: O Vampiro da Noite

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

Nosferatu: O Vampiro da Noite (1979), de Werner Herzog, se mostra muito mais como uma refilmagem da obra-prima Nosferatu (1922), de F.W. Murnau, do que uma adaptação do livro de Bram Stoker. E faz questão de evidenciar isso ao optar por usar no título o nome que Murnau adotou por questões de direitos autorais, embora não precisasse. Afinal, no seu filme, Herzog coloca nesse personagem a alcunha original do romance, ou seja, Conde Drácula. Além disso, a aparência desse vampiro, vivido por Klaus Kinski, emula aquela do Graf Orlok, papel de Max Schreck, bem diferente (e mais assustadora) dos outros Dráculas do cinema.

A trama é conhecida. Jonathan Harker (Bruno Ganz) viaja até o castelo do Conde Drácula para vender uma casa em sua cidade Wismar. Atraído por uma foto de Lucy, a esposa de Harker interpretada por Isabelle Adjani, o Drácula chega escondido a Wismar, trazendo consigo centenas de ratos que carregam a peste.

Um Drácula macabro

Essa versão de Herzog consegue intensificar o tom macabro que já existia no filme mudo de Murnau, mantendo o estilo expressionista do seu conterrâneo alemão – como na sombra do Drácula na chegada à casa dos Harkers (que salienta que ele não tem reflexo no espelho). A própria aparência fantasmagórica de Isabelle Adjani reforça essa pegada sinistra, assim como a fotografia escura obtida por Jörg Schmidt-Reitwein. Com a pele pálida, Lucy fala como se recitasse textos literários, o que ajuda a construir uma característica sobre-humana nessa personagem, a única capaz de enfrentar o vampiro ao se sacrificar. Sem contar a abertura, com cadáveres mumificados que revelam o pânico no momento de suas mortes. Adicionalmente, as locações nas ruínas de um castelo acrescentam um outro toque de morbidez.

A sensualidade também é outra característica forte em Nosferatu: O Vampiro da Noite. O ataque do Drácula a Lucy reproduz esse estigma do vampirismo com uma volúpia que vai muito além da satisfação da fome. Antes de atacar a jugular, ele acaricia as pernas da vítima para depois fixar sua mordida no pescoço, enquanto a mão esquerda segura o seio dela. É uma cena intencionalmente longa, pois demonstra o quanto Drácula apreciou a experiência a ponto de se esquecer da hora. Então, quando se dá conta, já é amanhecer, o que significa a chegada da luz do sol, mortal para ele.

A cena final, com um homem cavalgando no deserto em direção ao infinito, lembra um trecho famoso de Lawrence da Arábia (1962), no sentido inverso. Belo desfecho dessa refilmagem que desmente a validade desse tipo de abordagem. Longe de ser uma exploração comercial, e mais do que uma homenagem, é uma obra com características próprias que valoriza o original ao qual presta reverência.  

 

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Ficha técnica:

Nosferatu: O Vampiro da Noite | Nosferatu – Phantom der Nacht | 1979 | 107 min. | Alemanha Ocidental, França | Direção: Werner Herzog | Roteiro: Werner Herzog | Elenco: Klaus Kinski, Isabelle Adjani, Bruno Ganz, Roland Topor, Walter Ladengast.

Onde assistir:
Cena de "Nosferatu - O Vampiro da Noite"
Cena de "Nosferatu - O Vampiro da Noite"
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