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O Bandido da Luz Vermelha (filme)
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O Bandido da Luz Vermelha

Avaliação:
10/10

10/10

Crítica | Ficha técnica

O Bandido da Luz Vermelha, a estreia em longa de Rogério Sganzerla, rompe com todos os padrões e regras estabelecidos no cinema, até mesmo das novas ondas da década em que foi lançado. Ao mesmo tempo, bebe de diversas fontes de influência, desde o expressionismo e o film noir, até os programas de notícias policiais da televisão e do rádio.

A abertura do filme surpreende com uma narração de dois locutores típicos da imprensa sensacionalista. Alternando entre uma voz masculina e uma feminina, eles exploram o assunto da vez, os crimes do tal Bandido da Luz Vermelha, que assombra os lares da capital paulistana. Imagens de suas ações violentas em planos curtos se intercalam com títulos em letreiros eletrônicos e movimentações diversas pelas ruas e favelas de São Paulo, tendo a Boca do Lixo como ponto central. Tudo em meio à citada narração frenética, ininterrupta, que nem dá oportunidade para o protagonista falar. Acostumados com o cinema tradicional, pensamos que esse início intenso se trata apenas de um prólogo, que logo o filme assumirá um formato tradicional para iniciar sua narrativa.

Engano nosso. A narrativa começa depois de uns dez minutos, quando o bandido (interpretado por Paulo Villaça) assume a narrativa. Assim, com maior proximidade, acompanhamos suas ações criminosas, repugnantes, que envolvem execuções a sangue frio e estupros. Conforme a progressão do filme, ele se mostra cada vez mais louco. Assobia feito o assassino de M – O Vampiro de Dusseldorf (M,1931), de Fritz Lang, e chega a roubar uma enciclopédia. Bebe tinta a óleo para se suicidar e, sob uma estranha trilha musical, mata uma vítima enquanto arremessa ovos nele. “Um louco ou um gozador?”, pergunta um dos personagens. Mas o próprio bandido não sabe quem ele é.

Bandidos e discos voadores

Em paralelo, o enredo apresenta um político, arquétipo do populismo no Brasil. Fala para as massas e compra votos descaradamente. Está envolvido com um ex-nazista que se esconde no Brasil, mas não guarda relação direta com o bandido protagonista. Sua presença se justifica mais para ilustrar o cenário do país do que para mover a narrativa. Quem move a história é o delegado Cabeção (Luiz Linhares), obcecado em prender o Bandido da Luz Vermelha. Rogério Sganzerla o faz morrer ao lado do criminoso, como se apontasse que os dois são farinha do mesmo saco.

Ao final, paira a sensação de caos. A conclusão niilista prenuncia o punk da próxima década, enquanto a imprensa sensacionalista já parte para explorar outra notícia: objetos voadores não identificados. Seriam as façanhas do Bandido da Luz Vermelha tão absurdas quanto os OVNIs? Vale esclarecer que o tal bandido realmente existiu.

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Ficha técnica:

O Bandido da Luz Vermelha | 1968 | Brasil | 92 min | Direção e roteiro: Rogério Sganzerla | Elenco: Paulo Villaça, Helena Ignez, Pagano Sobrinho, Luiz Linhares, Hélio Aguiar, Luís Alberto, Armando Barreto, Lenoir Bittencourt, Sonia Braga, Lola Brah, Ozualdo Candeias, Renato Consorte, Neville de Almeida, Sérgio Hingst, Sérgio Mamberti, José Marinho, Miriam Mehler, Ítala Nandi, Ezequiel Neves, Carlos Reichenbach.

Onde assistir:
O Bandido da Luz Vermelha (filme)
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