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Domino (filme)
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Domino

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

No filme Domino, o diretor Brian De Palma reúne os astros da série Game of Thrones Nikolaj Coster-Waldau e Carice van Houten numa trama simplória envolvendo terroristas.

Em um chamado de rotina em Copenhagen, o velho companheiro de trabalho do detetive Christian Toft é gravemente ferido. E, na tentativa de capturar o assassino, Christian acaba desacordado após uma queda. Então, ao investigar o caso, descobre que o fugitivo Ezra Tarzi foi capturado pela CIA, que o usará na caça ao terrorista Salah Al-Din. Ezra quer encontrar Salah para vingar a morte de seu pai, decapitado pelo terrorista.

A amante do policial morto, Alex Boe, se junta a Christian na busca por Ezra. A jornada levará todos até Almería, na Espanha, onde Al-Din pretende realizar um atentado na arena de touros da cidade.

Essa trama simples e direta reflete a ideia de um ato de vingança gerando outro, numa sucessão de eventos similar a peças de dominó enfileiradas onde uma peça derruba a seguinte. Esse efeito dominó está expresso no título do filme, um nome nada favorável a sua comercialização, pois pouco diz sobre o seu tema. Além disso, ainda confunde com várias outras produções com o mesmo título.

Se a história soa simples demais, a direção rebuscada serve como compensação. Brian De Palma evidencia o talento de um diretor autor com estilo próprio marcante. Assim, apoiado pela trilha sonora de seu antigo colaborador Pino Donaggio, o suspense hitchcockiano dá as caras logo nas primeiras cenas.

Suspense

Após uma rápida introdução dos personagens Christian (Nikolaj Coster-Waldau) e seu colega Lars (Søren Malling), De Palma introduz o suspense no detalhe do revólver que o detetive Christian esquece em sua casa quando sai às pressas de sua casa para encontrar o parceiro para uma ronda nas primeiras horas do dia. Esse plano-detalhe, acompanhado pela música orquestrada que lembra Bernard Hermann, já é suficiente para deixar o espectador apreensivo.

E a primeira sequência de ação prova o talento de De Palma. O diretor cria muito suspense nas cenas paralelas de Christian descobrindo um cadáver que foi violentamente torturado e de Lars com o suspeito que está se livrando das algemas. Depois, na perseguição em cima do telhado, é a profundidade de campo que transmite a sensação de angústia do detetive, com o companheiro ferido na janela e o suspeito fugindo na outra ponta.

Clímax

O clímax do final de Domino merece ser comparado à cena no Royal Albert Hall em O Homem Que Sabia Demais (1956), de Alfred Hitchcock. O cenário agora é a praça de tourada na cidade espanhola de Almería. O terrorista Al-Din coloca um homem-bomba dentro da arena para explodir e filmar o genocídio para depois divulgar nas ameaças de sua organização terrorista. Novamente, De Palma usa as ações paralelas para criar o suspense.

A detetive Alex (Carice van Houten) entra na arena atrás do homem-bomba. Enquanto isso, Christian persegue Al-Din em um prédio anexo. A dupla de policiais não sabe do atentado, mas o espectador sim, e então torce para que os dois consigam evitar a chacina. A tensão aumenta conforme acompanhamos o terrorista se dirigir ao local previamente definido.

Alguns detalhes fazem a diferença para essa sequência funcionar sem muito falatório. Para distinguir o homem-bomba na multidão, ele veste um uniforme amarelo berrante. Al-Din, que o observa do alto de um prédio, também é facilmente localizável. Ele se encontra exatamente abaixo da letra “A” de um enorme letreiro luminoso da marca Dura, a mesma do uniforme do homem-bomba. Finalmente, quando chegamos bem próximo ao momento da explosão, as cenas entram em câmera lenta, enfatizando que cada milésimo de segundo conta.

De Palma salva

Por outro lado, o roteiro não trabalha bem o protagonista Christian, nada na tela nos leva a crer em uma dedicação tão forte ao companheiro morto que o faça empreender essa jornada de vingança. Há mais profundidade na personagem de Alex, a amante que possuía sentimentos muito fortes capazes de motivar sua busca pela desforra. E um grande erro é mostra a família do justiceiro Ezra, tanto a mulher e os filhos usados como garantia pela CIA, como o pai sendo decapitado pelos terroristas (em cena violenta que lembra outro filme de De Palma, Guerra Sem Cortes), pois isso provoca a empatia do público, que poderia torcer por ele, e isso seria fatal para o filme. Isso só não acontece porque ele ataca brutalmente um funcionário de uma cafeteria.

Mas De Palma escorrega ao incluir um desnecessário epílogo surpresa, onde vemos a organização terrorista postando o vídeo do atentado no festival de cinema que vimos no filme. A motivação desse final deve ser o de indicar que o mal continua agindo, e outras peças do dominó vão cair. Aqui, o diretor usa o mesmo truque da mão que sai do túmulo em Carrie, a Estranha (1976). A intenção pode ser a mesma, mas o resultado é distinto, porque o público já sabe que o terrorismo não foi extinto do mundo em que vivemos.

Domino não estreou nos cinemas brasileiros e provavelmente chegará aqui somente no streaming. Quando isso acontecer, fique atento, porque vale a pena conferir Brian De Palma mostrando todo o seu talento como diretor.

 

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