Poster do filme "O Conde de Monte Cristo"
[seo_header]
[seo_footer]

O Conde de Monte Cristo

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

O Conde de Monte Cristo, o emocionante livro de aventuras escrito por Alexandre Dumas, ganha uma nova adaptação para o cinema nesta luxuosa produção franco-belga. O seu lançamento segue a recente versão de outra obra do escritor, “Os Três Mosqueteiros”, dividida em duas partes, http://Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan e Os Três Mosqueteiros: Milady, lançados em 2023 e dirigidos por Martin Bourboulon e com roteiro de Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte. Com esses dois roteiristas e um elenco estelar, O Conde de Monte Cristo começa empolgante, mas acaba perdendo um pouco o rumo durante as suas três horas de duração.

Um ato heroico

A epopeia se inicia em 1815, quando o marinheiro Edmond Dantès salva uma moça que cai no mar. Nota-se, nessa cena, uma trilha musical exagerada, com evidente intenção de enaltecer a grandiosidade do ato heroico do protagonista. Mas que, porém, atrapalha a imersão no filme, por ser demasiadamente intrusiva. Esse problema continuará a incomodar em outros trechos.

Em terra, o chefe da embarcação demite o capitão do navio, Danglars (Patrick Mille), e o substitui por Dantès. Este jovem, animado, decide se casar com sua namorada Mercedes (Anaïs Demoustier), o que provoca o ciúme de Fernand (Bastien Bouillon), apaixonado por ela. Embora Fernand fosse amigo de Dantès, ele ajuda Danglars a incriminar falsamente o novo capitão, acusando-o de fazer parte da conspiração bonapartista. Quem formaliza o imbróglio é o procurador Villefort (Laurent Lafitte), que possui razões pessoais para usar Dantès como bode expiatório.

Como resultado dessa conspiração, Dantès é condenado à prisão em uma ilha afastada. Lá, conhece o abade Faria (Pierfrancesco Favino), e juntos realizam uma fuga audaciosa. A escapada é bem filmada, e o suspense desse trecho é um dos pontos altos do filme.

De posse de um tesouro imenso deixado pelo abade, escondido na ilha de Monte Cristo, Dantès inicia sua vingança contra Danglars, Fernand e Villefort. Até esse momento, o ritmo do filme é acelerado. As modificações que o roteiro faz da obra literária contribuem para essa sensação de agilidade. Tanto o enredo como a direção, até esse ponto, simplificam na medida certa o livro.

Cai o ritmo

Alguns trechos redundantes, mostrando o que o espectador já deduziu, como a traição do amigo de Dantès, interrompem a narrativa fluída.  O filme, a partir daí, alterna entre diferentes tons, sem se definir por nenhum.

O início da execução do plano de vingança aposta no cinema moderninho, estilizado, com truques de aceleração e desaceleração do vídeo, e troca de olhares de cumplicidade entre Dantès, agora Conde de Monte Cristo, e seus cúmplices. O ápice deste estilo, que lembra Kingsman: Serviço Secreto (de 2014, o único bom da série), de Matthew Vaughn, é a cena em que as paredes da mansão de Dantés se abrem automaticamente como engrenagens, revelando um improvável campo de prática de tiro ao alvo. Mas esse estilo não prevalece no filme.

Assim, no duelo final, a luta de espadas aposta num embate coreografado. O resultado é mais orgânico e contrasta com os truques modernos, aproximando-se do cinema clássico.

Em outra cena marcante, O Conde de Monte Cristo ganha teatralidade. Tal como em “Hamlet”, Dantès conta num jantar com seus inimigos uma história sobre um crime. Na verdade, se trata do infanticídio cometido pelo procurador, que está à mesa, bem como sua amante e cúmplice da época.

Essa indecisão sobre o estilo do filme prejudica, parece ter a intenção de agradar a todos os tipos de público. De fato, consegue, mas essa aposta no médio fatalmente afasta os extremos dos que adoram e dos que odeiam.

Disfarces

Uma das características do protagonista que necessitaria melhor exploração é o uso dos disfarces. O filme chega a revelar que Dantès usa uma máscara para iniciar sua vingança. Mas, ele continua com o mesmo rosto, talvez   para não desperdiçar a familiaridade do público com as feições do famoso (na França) ator Pierre Niney. Mas, dessa forma, desperdiça a possibilidade de trabalhar o conceito de homem com múltiplas identidades – como o Ethan Hunt interpretado por Tom Cruise na série de filmes Missão: Impossível. Em relação a faces, vale ainda destacar a infeliz caracterização de dois personagens importantes, Danglars e Villefort, que se parecem muito fisicamente, causando confusão.

Esta versão de O Conde de Monte Cristo, assim, agrada principalmente na sua primeira metade, com seu ritmo ágil e narrativa fácil de acompanhar. Mas, depois não se define sobre qual estilo de direção escolher, além de cometer alguns deslizes, conforme comentamos acima. De qualquer forma, cumpre sua função de divertir e ainda alertar contra o propósito de desperdiçar a vida.

___________________________________________

Ficha técnica:

O Conde de Monte Cristo | Le Comte De Monte Cristo | 2024 | França, Bélgica | Direção: Alexandre de La Patellière, Matthieu Delaporte | Roteiro: Alexandre de La Patellière, Matthieu Delaporte | Elenco: Pierre Niney, Bastien Bouillon, Anaïs Demoustier, Anamaria Vartolomei, Laurent Lafitte, Pierfrancesco Favino, Patrick Mille, Vassili Schneider, Julien De Saint Jean, Julie De Bona, Adèle Simphal.

Distribuição: Paris Filmes.

O filme está na programação do Festival Varilux 2024.

Trailer:

Onde assistir:
Cena do filme "O Conde de Monte Cristo"
Cena do filme "O Conde de Monte Cristo"
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo