Filme de estreia do diretor Sergey Bondarchuk, O Destino de um Homem merece a mesma alcunha de Cidadão Kane: enciclopédico.
Assim como Orson Welles, Bondarchuk, além de dirigir, interpreta o personagem principal. Mas não é esse simples detalhe que provoca a comparação, e sim a utilização de diversos recursos da gramática do cinema para contar essa narrativa.
De fato, desde a longa panorâmica que abre o filme, até os desfoques, balanços da câmera, close-ups, planos gerais, câmera subjetiva etc., Bondarchuk recorre com brilhantismo aos recursos que o permitem contar a estória essencialmente através das imagens. Nesse sentido, O Destino de um Homem pode ser chamado de enciclopédico, uma vez que serve como base para um curso sobre linguagem cinematográfica listando trechos do filme.
A trama
Na estória, Andrei Sokolov, o protagonista vivido por Bondarchuk, conta a história de sua vida para um desconhecido que encontra numa estrada. Enquanto isso, aguarda a chegada de um barco. A partir daí, em flashbacks, acompanhamos sua trajetória desde que conhece sua futura esposa até as experiências dramáticas na Segunda Guerra Mundial, quando era soldado e se tornou prisioneiro dos inimigos alemães.
E o relato é cativante, contendo vários episódios de sofrimento, mas também algumas pequenas vitórias. Por exemplo, quando escapa de ser fuzilado porque seu costume de beber impressiona o general alemão ao tomar três grandes copos de vodca.
Filmado em preto e branco, o filme recebeu uma produção caprichada e as cenas de batalha evidenciam isso, com a presença de vários extras e explosões a rodo. E Bondarchuk faz ótimo uso desse orçamento, o que, alinhado com seu talento, resulta num belíssimo relato das agruras da guerra.
O Destino de um Homem está na programação da 7ª edição da Mostra Mosfilm de Cinema Soviético e Russo que acontece de 3 a 13 de dezembro de 2020, com exibições gratuitas no canal do CPC-UMES Filmes no Youtube.
