A franquia de terror do boneco Chucky já conta com oito longas e uma série. Tudo começou com o bom Brinquedo Assassino (Child’s Play, 1988), de Tom Holland. O filme ganhou uma nova versão em 2019, dirigido por Lars Klevberg e estrelado por Aubrey Plaza, e com uma pegada divertida, com bastante humor. Essa é também a proposta do filme desta crítica, O Filho de Chucky (Seed of Chucky), de Don Mancini, que viria a monopolizar a franquia, inclusive como o criador da série lançada em 2021.
Porém, Don Mancini apresenta um mau gosto indisfarçável. Abusa da violência gráfica, apelando neste filme para entranhas à mostra, cabeças degoladas e membros decepados, que só não adentram o terror extremo por conta da baixa qualidade dos efeitos especiais. Além disso, O Filho de Chucky aposta no humor grosseiro, repleto de palavrões e de conotações sexuais (o boneco até se masturba!). Como se trata de um brinquedo, lembra até as baixarias de Ted (2012), de Seth MacFarlane, porém sem a mesma graça. Em suma, é um filme sobre um boneco, mas para adultos. Caminhando no sentido inverso, a turma de James Wan foi muito mais assertiva com a boneca Annabelle (2014), criando filmes de terror compatíveis com o público juvenil.
A trama
O enredo tem muita coisa mal explicada. Um novo boneco nasce no Japão e chega aos Estados Unidos. Logo, mata os pais da família que o compra. Mas, esse brinquedo, que receberá o nome Glen (ou Glenda, ele ainda vai decidir, pois não possui órgãos genitais), não quer ser um assassino. E ele se sente triste, um órfão de pai e mãe. Então, quando conhece Chucky e Tiffany (a noiva de Chucky apresentada no filme anterior), adota-os como pais. Porém, eles querem que o menino siga o caminho do crime.
A trama possui uma ramificação interessante, envolvendo Jennifer Tilly, que fez a voz de Tiffany. Ela repete o seu papel como dubladora e também como sendo ela mesma, uma atriz em busca de um novo papel. E acaba se envolvendo com o trio de bonecos assassinos que têm vida própria. Mas em meio a essa história confusa, Jennifer Tilly é inseminada à força e dá à luz a gêmeos. Isso e as referências a outros filmes de terror salvam o longa do total desastre.
Mas mesmo com uma história melhor, esse filme não tinha o tom adequado para dar certo. O gore e a baixaria não se adequaram a esse terror sobre um brinquedo assassino. O quase extremismo passou do ponto e o que sobra mesmo é um mal gosto sem fim.
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Ficha técnica:
O Filho de Chucky | Seed of Chucky | 2004 | 87 min | EUA, Reino Unido, Romênia | Direção e roteiro: Don Mancini | Elenco: Jennifer Tilly, Brad Dourif, John Waters, Billy Boyd, Redman, Hannah Spearritt, Keith-Lee Castle.