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O Homem de Palha (filme)
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O Homem de Palha

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

O Homem de Palha antecipa o tema dos rituais pagãos de Midsommar: O Mal Não Espera a Noite (2019), mas num tom menos pesado.

Escrito por Anthony Shaffer

O roteiro é de Anthony Shaffer, que escreveu também Frenesi (1972), filmado por Alfred Hitchcock, Jogo Mortal (1972), dirigido por Joseph L. Mankiewicz, bem como quatro adaptações de livros de Agatha Christie. São elas: Assassinato no Expresso Oriente (1974), de Sidney Lumet, Morte Sobre o Nilo (1978), de John Guillermin, Assassinato Num Dia de Sol (1982), de Guy Hamilton e Encontro Marcado com a Morte (1988), de Michael Winner. Assim, especialista em suspense, Shaffer criou uma estória sinistra para O Homem de Palha, que o diretor Robin Hardy não soube aproveitar. Na verdade, Hardy faria somente três filmes em sua carreira, incluindo uma refilmagem deste.

A trama

Definitivamente, a trama é intrigante. O seu protagonista é o sargento Howie, um cristão extremamente conservador. Ele parte sozinho para a pequena ilha de Summerisle, na Escócia, para investigar o desaparecimento de uma garota de 12 anos, seguindo uma denúncia que recebeu em uma carta anônima. E a ilha é uma propriedade particular, pertencente ao Lorde Summerisle, interpretado por Christopher Lee. Por isso, os moradores da vila respeitam mais as regras do lorde do que as leis escocesas. Como resultado, obstruem a investigação do policial intruso.

Logo, Howie se incomoda com os costumes locais, que refletem a crença em deuses pagãos livre dos dogmas cristãos, principalmente quanto ao sexo. Enquanto o policial preserva sua virgindade até o casamento, ele testemunha os moradores transando nos jardins da vila à noite. Adicionalmente, ouve canções com letras sexualizadas e a filha da estalagem onde passa a noite faz a iniciação de um jovem adolescente. De fato, o sexo faz parte até das danças no pátio da escola, assim como dos ensinamentos para as crianças.

Além disso, Howie desconfia que a menina desaparecida foi assassinada e tentar voltar ao continente para chamar a força policial. Porém, o seu avião foi sabotado e ele precisa retomar a investigação sozinho. Ele passa então a acreditar que a garota foi capturada para ser sacrificada no ritual pagão que está prestes a se realizar. E tenta salvá-la.

Análise do filme

É uma estória potente, com suspense crescente, desenvolvido por conta do comportamento estranho dos habitantes locais e da incapacidade do policial de resolver o mistério, isolado na ilha. Já a sexualidade latente é personificada na figura da atriz sueca Britt Ekland, que tenta seduzir o pudico policial. Como o filme mantém sempre a perspectiva de Howie, o protagonista, isso provoca no espectador a empatia com sua angústia.

Porém, o diretor do filme, Robin Hardy, quebra a expectativa do suspense que vinha criando na parte final. O tom de O Homem de Palha muda, deixando a tensão que foi se acumulando durante o filme se esvaziar na parte final, quando acontece o clímax com a celebração do ritual pagão. Nesse sentido, a música, que se restringia a canções típicas locais, dá lugar a um rock animado na fuga de Howie, estragando o momento. Na conclusão, quando realmente um sacrifício acontece, há uma tentativa de refletir a alegria da comunidade diante da celebração, mas isso é realizado de uma forma que torna o tom do filme demasiado leve.

Enfim, O Homem de Palha revela que um ótimo roteiro não garante um grande filme. É necessário um diretor com talento suficiente. Com a estória criada por Anthony Shaffer, era possível ter criado um thriller tão assustador quanto Midsommar, de Ari Aster. Mesmo assim, vale a pena assistir ao filme de Robin Hardy até a parte final, enquanto o suspense está em crescimento.


Onde assistir:
O Homem de Palha (filme)
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