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O Homem Ideal (filme)
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O Homem Ideal

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Quando assume a função de diretora, a atriz Maria Schrader prefere lidar com temas sérios. É o que nos faz deduzir seus filmes Liebesleben (2007) e Stefan Zweig: Adeus Europa (Vor der Morgenröte, 2016).  E, O Homem Ideal (Ich bin dein Mensch, 2021) corrobora essa impressão com seu tema existencial que indaga o que nos torna humanos.

Diante desse tema, causa-nos surpresa o tom leve de O Homem Ideal. Para provocar nossa reflexão sobre humanidade, o filme desenvolve uma trama divertida sobre uma mulher que aceita fazer parte de uma experiência, convivendo com um androide. Esta pessoa robotizada é desenhada de acordo com o que ela considera ideal num homem. Porém, logo ela percebe que essa perfeição torna mais difícil enxergar o parceiro como se fosse uma pessoa de verdade.

Decifrando Alma

Por outro lado, a capacidade cognitiva desse ser, o Tom (Dan Stevens), o permite decifrar o comportamento de Alma (Maren Eggert). Então, sem nenhum filtro que faz as pessoas serem insinceras, Tom joga na cara dela tudo o que a aflige, e a obriga a repensar sua vida. E, também, seu relacionamento com esse robô feito para agradá-la.

Não é tão difícil compreender o dilema de Alma. Se nos colocarmos em seu lugar, certamente teríamos a mesma dificuldade de aceitar um robô como um cônjuge. Por mais que a máquina se aproxime de um ser humano, falta-lhe a essência de um organismo vivo. A ficção-científica de O Homem Ideal não especula sobre esse passo além, como faz Blade Runner: O Caçador de Androides (Blade Runner, 1982). A solução para o impasse de Alma vem de dentro dela mesma, na sua aceitação ou não de assumir Tom como seu companheiro. Nesse processo, o filme sente a necessidade de aprofundar a personagem, ao revelar o drama vivenciado anos atrás que será a chave para sua decisão.

Tempo de reflexão

O tom leve de O Homem Ideal não afasta seus momentos dramáticos, mas estes nunca são exagerados. A trilha sonora serena (belíssimas composições de Tobias Wagner) e o ritmo lento pontuam essa característica do filme. Há até espaço para uma cena que beira o transcendental, na qual Tom se cerca de animais silvestres no bosque. Tudo isso convida o espectador à reflexão constante, a mesma que leva Alma a se entregar ao prazer sexual e depois perceber que a situação não faz sentido. Mas, o filme não chega a uma resposta simples à questão complexa que ele levanta. Alma relata um veredicto racional, fundamentado com fortes argumentos, ao término da experiência. Porém, sendo humana, ela age contrariamente ao que escreveu. Dessa forma, comprova sua humanidade, e a história se revela romântica.

A profundidade de O Homem Ideal o coloca acima de produções do gênero, a maior parte delas privilegiando o entretenimento. Alguns espectadores o acharão lento demais, mas esse cadenciamento é necessário para o tempo de reflexão.

Por fim, escolhido pela Alemanha para concorrer ao Oscar de melhor filme internacional, O Homem Ideal já chegou ao shortlist (finalistas com chances de estar entre os indicados ao prêmio).


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