Pesquisar
Close this search box.
O Labirinto (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

O Labirinto

Avaliação:
8/10

8/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

O Labirinto é o segundo filme que o escritor Donato Carrisi dirige, novamente adaptando sua própria obra para o cinema.

A trama policial possui o tom sinistro de outras adaptações de livros que misturam muita violência e mentes tão perturbadas que beiram o sobrenatural. Além disso, o sadismo do criminoso coloca o filme perto do subgênero torture porn. Só não é porque as agruras do personagem raptado se concentram em flashbacks e, assim, não representam o centro da história.

Tensões paralelas

Em paralelo, acompanhamos duas situações tensas. Numa delas, o psiquiatra Dr. Green tenta resgatar as memórias perdidas de Samantha Andretti, que foi sequestrada quando ainda estava no início da adolescência. Ela permaneceu em cativeiro por quinze anos, dentro de um labirinto onde seu captor só lhe dava os meios para sobreviver se ela superasse os desafios dos jogos que ele criava.

Na outra situação, o investigador particular Bruno Genko retoma esse caso de Samantha Andretti, para o qual tinha sido contratado na época, mas não tinha sido capaz de resolver. Ele quer deixar essa resolução como seu legado, pois sabe que tem pouco tempo de vida.

As duas situações enfatizam o aspecto sombrio da história. A paciente do Dr. Green está em estado de choque, com os nervos em frangalhos. Mas, ele ainda consegue extrair dela as terríveis provações que vivenciou nas mãos do sádico carcereiro. Assim, o espectador fica tenso tanto com a instabilidade emocional de Samantha, como pelas cenas que ilustram as suas experiências no labirinto.

Já o investigador Genko envereda por caminhos e personagens cada vez mais obscuros seguindo as pistas que sua astuta mente consegue descobrir. Dessa forma, ele se depara com um homem com a face queimada, um psicopata fantasiado de assassino etc. Enfim, referências presentes no imaginário do terror, aqui repaginados por Donato Carrisi.

Visual deslumbrante

Além disso, por ser o criador desse universo e o diretor do filme, Carrisi tem a última palavra na transposição de sua obra para as telas. Com certeza, deslumbrantes imagens como a sala do setor de pessoas desaparecidas, com suas inúmeras gavetas de cada caso, ou o próprio labirinto, retratam o que o escritor imaginou enquanto escrevia o seu livro.

E, seu trabalho como diretor é eficiente. Além da magnífica direção de arte, que revela um orçamento generoso, Carrisi constrói um clima constante de tensão, sem nenhum alívio para o espectador. Alguns efeitos dispensáveis, como jump cuts, trechos com velocidade acelerada, e outras modernidades, atrapalham, mas não chegam a comprometer.

Afinal, acima de tudo, a história é envolvente. E sua virada final consegue surpreender até os fanáticos pelo gênero.

O final explicado – Spoilers adiante

Ao contrário do que parecia, as duas situações não convergem na conclusão. Pelo menos, não como prevíamos. A grande sacada de Carrisi é conduzir o espectador a crer que a paciente do Dr. Green é Samantha Andretti. Na verdade, ela é a policial do setor de pessoas desaparecidas, que sumiu há alguns dias. A verdadeira Samantha está salva, mas em estado emocional muito mais grave. Aliás, o suposto médico psiquiatra não é o verdadeiro Dr. Green, que trata a verdadeira Samantha. Ele é o grande vilão que rapta e tortura suas vítimas no seu labirinto, onde ele construiu uma réplica de uma sala de hospital para ludibriar a policial raptada. Ou seja, o suspeito que a polícia prende não é o criminoso, mas um bode expiatório comandado por ele.

Sim, de fato, O Labirinto apresenta uma daquelas tramas que desafiam o espectador. Apesar de complexa, o filme consegue expor esse emaranhado de reviravoltas. Ao mesmo tempo, instiga a ler a obra original que, infelizmente, ainda não foi lançada no Brasil. O livro, “L’uomo del labirinto” (2017), faz parte de uma série com quatro publicações envolvendo a personagem Mila Vasquez, que é a policial sequestrada neste filme.


O Labirinto (filme)
O Labirinto (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo