Osgood Perkins subiu de nível quando lançou seu filme anterior, o arrepiante thriller Longlegs – Vínculo Mortal (2024). Seu trabalho seguinte, O Macaco, traz uma proposta diferente. Continua dentro do terror, a especialidade do diretor, mas desta vez misturando a violência gore com humor sombrio. O resultado ficou abaixo do esperado.
O roteiro se baseia num conto de Stephen King, e por isso a trama acontece em Casco, no Maine, estado de origem do escritor. É mais uma história sobre brinquedos assassinos, porém, o macaco mecânico do filme não sai andando atrás de suas vítimas. Sempre que alguém lhe dá corda e ele começa a tocar o seu tambor, o brinquedo provoca alguma morte terrível. A ideia abre a oportunidade para Osgood Perkins inserir várias cenas de violência absurda, incluindo várias cabeças decepadas ou explodidas e um corpo todo triturado depois de ser esmagado por um trator. Lembra a premissa da franquia Premonição.
Esse objeto maldito entra em ação quando os garotos gêmeos Hal (o bonzinho) e Bill (o malvado) encontram o macaco entre as coisas velhas do avô. Hal percebe que o brinquedo tem poderes mágicos, pois consegue se transportar para outros lugares. Então, quando acontece a primeira morte, o menino deduz que foi o macaco que a provocou. A segunda morte, de uma pessoa querida, revela que somente o brinquedo pode escolher quem será a vítima.
25 anos depois, os irmãos se distanciaram um do outro. Mas, a morte da tia deles os coloca em contato novamente. Além da tia, outras mortes horríveis começam a acontecer, e os dois sabem que só pode ser obra do macaco.
O prólogo e a comédia
O filme possui um prólogo que presta um desserviço para o enredo. Provavelmente, Osgood Perkins pensou em apresentar, logo de cara, o poder do brinquedo assassino. Mas, não foi uma boa decisão. A história teria mais força se apresentasse a descoberta gradual do que o macaco pode fazer. Dessa forma, a morte da babá seria muito mais impactante. Além disso, essa abertura do filme nem traz os personagens principais, e sim o pai dos gêmeos (interpretado por Adam Scott) tentando devolver o brinquedo para uma loja de antiguidades. Apesar de servir para explicar o motivo de ele ter abandonado a mãe dos meninos, essa introdução parece mais um teaser do filme. De qualquer forma, é um trecho desnecessário, pois a narração do Hal adulto explica o que o macaco faz. E, depois, ele ainda reforça a explanação para o seu filho.
A combinação de terror extremo com humor sombrio funciona. As mortes possuem a característica de acidentes horríveis (daí a semelhança com Premonição), e o humor surge do toque de exagero, daquele detalhe totalmente improvável que só poderia acontecer no cinema. Geralmente, uma música alegre acompanha essas mortes. Ademais, muitos personagens secundários possuem um tom caricatural, como o padre que fala besteiras nas missas dos velórios, o novo marido (papel de Elijah Wood) da ex de Hal, e o próprio Osgood Perkins interpretando o tio. As famílias, aliás, são todas disfuncionais. No desfecho, no seu último segundo, o filme assume definitivamente sua parte cômica.
O drama
Enfim, o que faz de O Macaco um filme menos empolgante é a opção de abrir com um prólogo que impede o processo de descobrimento por parte do público. E, igualmente, os trechos dramáticos que tomam conta da fase adulta dos gêmeos, que criam uma barriga enorme na trama que se torna entediante depois da envolvente primeira parte com os gêmeos ainda crianças. Até mesmo no clímax surge uma conversa chata entre os irmãos, antes da morte final filmada de forma confusa.
O resultado, por isso, é irregular, e inferior a Longlegs.
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Ficha técnica:
O Macaco | The Monkey | 2025 | 98 min. | EUA, Reino Unido, Canadá | Direção: Osgood Perkins | Roteiro: Osgood Perkins | Elenco: Theo James, Tatiana Maslany, Elijah Wood, Christian Convery, Colin O’Brien, Rohan Campbell, Sarah Levy, Adam Scott, Elijah Wood.
Distribuição: Paris Filmes.
