Poster do filme "O Melhor Amigo"
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O Melhor Amigo

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

O Melhor Amigo cumpre seu objetivo de ser um filme musical alegre LGBTQIA+. Lembra Priscilla, a Rainha do Deserto (1994), por se passar no ambiente de performers queers e se apoiar em músicas de sucesso do passado. Outra influência, a das comédias americanas, domina a primeira parte do filme, quando uma divertida narração ilustrada com desenhos apresenta o protagonista Lucas (Vinicius Teixeira), que revela que ainda não superou o seu amor dos tempos da faculdade, Felipe (Gabriel Fuentes). Logo em seguida, o longa mostra que o seu relacionamento atual, com Martin (Leo Bahia) também está em crise. Tão engraçada quanto a abertura, essa sequência traz Lucas com uma máscara de tratamento de beleza sendo surpreendido por um carro de som com mensagem de amor do namorado. 

A trama começa, de fato, quando Lucas parte sozinho para uma viagem para a praia de Canoa Quebrada, no Ceará. E lá ele, por acaso, reencontra Felipe, que trabalha como bugueiro das dunas. Depois, Lucas descobre que Felipe também ganha dinheiro na boate da cidade à noite. Em pouco tempo, Lucas percebe que seu antigo amor não é daqueles que querem manter relacionamentos sérios. 

Esse enredo possui muitas fraquezas. O protagonista não é bem construído, Lucas alterna comportamentos tímidos com outros desinibidos (vai atrás de um casal para fazer sexo a três). O gatilho para sua mudança assume o lugar comum da visita a uma cartomante (Cláudia Ohana em participação especial). E, no fim, o arco do personagem principal se resume a aceitar que Felipe não quer compromisso e seu namorado atual não faz o seu tipo. 

Brilha como filme musical 

O Melhor Amigo brilha mesmo nos números musicais. A acertada seleção de hits dos anos 1980 (com suas melodias pegajosas ideais para o gênero) ganha uma nova roupagem e são cantadas e dançadas por artistas (atores ou não) que possuem o talento para isso (alguns musicais, como Emilia Perez [2024], infringem essa regra básica). Mas, o diretor Allan Deberton não se arrisca a criar sequências musicais complexas – elas contam com poucos dançarinos e não há coreografias elaboradas, nem movimentos de câmera que as acompanhem. 

A cena final, no carro com “What a Feeling”, do filme Flashdance (1983), tocando no rádio, soa como uma forçada conclusão em alto astral. E que é prejudicada porque demora para as vozes dos atores em cena serem ouvidas em volume mais alto do que a de Irene Cara. 

O Melhor Amigo não escapa da tendência do cinema brasileiro contemporâneo de trazer participações de convidados especiais para os filmes. Os artistas queers que se apresentam na boate não chegam a prejudicar a narrativa (e até a elevam com performances notáveis). Porém, a estrela Gretchen parece se sobrepor ao filme, em números extensos demais que não acrescentam nada à narrativa. 

Equilibrando os prós e os contras, O Melhor Amigo entrega uma experiência vibrante nas sequências típicas desse gênero pouco explorado no Brasil, país conhecido por sua musicalidade. No entanto, o resultado como um todo é inferior ao emocionante Pacarrete (2019). Fez falta a Deberton contar com uma atuação à altura da que Marcélia Cartaxo entregou nesse filme de estreia do diretor. 

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Ficha técnica: 

O Melhor Amigo | 2025 | 94 min | Brasil | Direção: Allan Deberton | Roteiro: Allan Deberton, Raul Damasceno, Otavio Chamorro, Pedro Karam | Elenco: Vinicius Teixeira, Gabriel Fuentes, Léo Bahia, Mateus Carrieri, Cláudia Ohana, Gretchen, Deydianne Piaf, Souma, Muriel Cruz, Mulher Barbada, Patrícia Dawson, Diego Montez, Walmick de Holanda, Solange Teixeira, Adna Oliveira, Gabriel Arthur 

Distribuição: Sessão Vitrine Petrobrás. 

O filme estreia dia 13 de março nos cinemas. 

Trailer: 

Onde assistir:
Cena do filme "O Melhor Amigo"
Cena do filme "O Melhor Amigo"
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