O Menino de Asakusa (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

O Menino de Asakusa

Avaliação:
5/10

5/10

Crítica | Ficha técnica

O Menino de Asakusa (Asakusa Kid, 2021) conta a história do cineasta Takeshi Kitano. Contudo, cobre apenas os anos em que ele entrou no mundo do entretenimento como comediante. No fundo, o roteiro, baseado em seu livro, é uma homenagem a Senzaburo Fukamio, seu mestre nesta arte.

O arco da trama se inicia em 1972, quando Kitano entra no mundo artístico pela porta dos fundos, como ascensorista no teatro de Fukamio em Asakusa, em Tóquio. Aos poucos, Kitano consegue receber lições de Fukamio, um famoso comediante das antigas que é proprietário do estabelecimento. Em seguida, aproveita uma oportunidade para iniciar sua carreira nos palcos. O público gosta do jovem comediante, mas, o problema é que as poucas pessoas que ainda frequentam o teatro estão mais interessados nos shows das strippers.

Por isso, após uma dolorosa despedida, Kitano deixa o mestre para tentar a carreira itinerante. Ao lado do amigo Kiyoshi Kaneko, formam a dupla Two Beats, explorando o manzai, um tipo de comédia que começava a fazer muito sucesso na época. Então, conseguem sucesso, e se apresentam na televisão, o que eleva a popularidade dos dois comediantes, que se apelidam Beat Takeshi e Beat Kiyoshi. Por fim, a trama se encerra em 1981, no reencontro derradeiro de Kitano com seu mestre.

Além disso, em paralelo a esse enredo principal, O Menino de Asakusa traz inserções de cenas com o próprio Takeshi Kitano. Em um luxuoso carro com motorista, para demonstrar o sucesso que conseguiu em sua carreira, Kitano chega ao cemitério onde o mestre está enterrado. Então, presta-lhe uma reverência.

Reverência ao mestre

Esse flagrante da vida real é apenas uma parte do reconhecimento de Kitano pelos ensinamentos do mestre. A demonstração mais forte está no próprio filme, que mantém Fukamio na tela mesmo após a partida de Kitano. Assim, acompanhamos sua decadência financeira, que levou à perda do teatro, e sua tristeza pela morte da esposa. Na trama, o reencontro com o discípulo famoso representou seu último momento de alegria, e a paz de espírito por ter feito a diferença na vida do jovem.

Na conclusão, há um plano sequência falso no qual Kitano percorre o retrato e relembra os momentos que passou ali dentro. É um plano belamente sentimental, mas repete imagens que já vimos antes durante o filme, e, por isso, a redundância acaba estragando esse trecho. Afinal, mesmo durante outros momentos, há outros segmentos que se repetem. Além disso, a trajetória da dupla Two Beats está confusa, com as dificuldades relatadas no prólogo e a ascensão na parte final. Ou seja, tudo isso evidencia a inexperiência como diretor de Gekidan Hitori, cuja profissão principal é ator.

Por outro lado, o diretor acerta nos vários segmentos musicais da primeira metade de O Menino de Asakusa. Eles representam os sonhos do jovem Kitano enquanto era um ascensorista com aspirações a artista. Trazem números de sapateado e músicas cantadas por sua amiga stripper Chiharu, em cenas filmadas com bom gosto e ritmo ágil semelhantes a filmes musicais.

Enfim, entre acertos e erros, O Menino de Asakusa transmite o dever de respeito e reverência aos mestres. Um sentimento inerente da cultura japonesa que merece ecoar globalmente.  

___________________________________________

Ficha técnica:

O Menino de Asakusa | Asakusa Kid | 2021 | Japão | 122 min | Direção e roteiro: Gekidan Hitori | Elenco: Yuya Yagira, Yo Oizumi, Mugi Kadowaki, Nobuyuki Tsuchiya, Morio Kazama, Honami Suzuki, Hiroyuki Onue, Feodor Chin (voz).

Distribuição: Netflix.

Onde assistir:
O Menino de Asakusa (filme)
O Menino de Asakusa (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo