O Mundo de Ontem (filme)
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O Mundo de Ontem

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

O drama político O Mundo de Ontem (Le Monde D’Hier) revela os bastidores da alta política francesa. Sua trama nos coloca ao lado da presidência do país e seus principais articuladores, como fez a ótima série House of Cards. Mas, enquanto este produto americano criticava todo o sistema político, o filme francês prefere tomar uma posição contra a extrema direita que ocupa cada vez mais espaço no mundo. Dessa forma, o diretor e roteirista Diastème retoma o tema que ele abordou antes em seu longa Un Français (2015); neste, o protagonista lutava contra um passado neonazista.

Em O Mundo de Ontem, a atual presidente da França, Isabelle de Raincy (Léa Drucker) precisa tomar uma decisão crucial a três dias de uma eleição na qual ela optou por não se candidatar. O secretário geral, e seu amigo de longa data, Franck L’Herbier (Denis Podalydès), descobre que a Rússia possui um vídeo que indica que o sucessor dela está metido em corrupção. Então, a divulgação derrubará o candidato, e seu opositor, Willem (Thierry Godard) fatalmente vencerá a eleição.

Mas, Willem é da extrema direita. Por isso, Franck teme que se governo trará uma onde de homofobia, xenofobismo, sexismo e outras mazelas que acompanham seus discursos. No entanto, sua solução é radical: eliminar o inimigo.

O enredo se desenvolve em direção à dúvida de Isabelle sobre sua decisão, e possíveis alternativas menos radicais. Enquanto isso, permite que o espectador a conheça como pessoa. Assim, desvenda o segredo de Estado que a fez optar por não tentar a reeleição, e sua conturbada relação com a filha. Além disso, em quem ela deve confiar? Em Franck ou no primeiro-ministro?

Presidente humanizada

A mise-en-scène da residência presidencial denota frieza. Para começar, no mármore dos revestimentos aos grandes espaços vazios, passando pelos guardas que mantêm sua posição sem falar nem intervir em nada. Nesse cenário, dividida entre seus principais estrategistas, Isabelle só encontra calor humano na figura do seu segurança pessoal. Existe uma relação íntima entre os dois, mas o filme prefere manter a austeridade. Assim, não avança invasivamente nessa questão, como que respeitando o seu cargo de presidente.

Enfim, o processo de humanização da protagonista se completa com sua decisão errada, que leva a uma tragédia. Contudo, apesar da dor, ela tem sua última chance de não confirmar a afirmação final de seu aliado Franck: “Eu e você não somos nada.”. Diante da morte, provavelmente assassinato, do embaixador francês na Rússia, que foi a pessoa que descobriu sobre o vídeo que derrubaria o candidato do governo, ela só tem uma opção para evitar que seu cargo caia no colo da extrema direita.

O Mundo de Ontem é um filme atual e politizado. Sua intenção não é apenas a de contar uma história, mas de alertar para o perigo da extrema direita, e ainda cutucar quem pode fazer algo para impedir sua ascensão.

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Ficha técnica:

O Mundo de Ontem | Le Monde D’Hier | 2022 | 1h29 | França | Direção e roteiro: Diastème | Elenco: Léa Drucker, Denis Podalydès, Alban Lenoir, Benjamin Biolay, Jacques Weber, Thierry Godard, Emma de Caunes.

Distribuição: Bonfilm.

Obs: o filme está na seleção do Festival Varilux de Cinema Francês 2022.

Assista à nossa entrevista com o diretor Diastème.

Onde assistir:
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