Guillermo del Toro produziu esta estreia em longa-metragem do diretor espanhol J.A. Bayona. E como resultado da ótima repercussão de O Orfanato (El Orfanato), Bayona viria a escalar sua carreira com filmes como O Impossível (Lo Imposible, 2012), Sete Minutos Depois da Meia-Noite (A Monster Calls, 2016) e Jurassic World: Reino Ameaçado (Jurassic World: Fallen Kingdom, 2018).
Por ser um filme de terror com coprodução espanhola envolvendo fantasmas e uma figura central materna, logo O Orfanato nos lembra de Os Outros (The Others, 2001), de Alejandro Amenábar. Desta vez, a protagonista é Laura (Belén Rueda), uma mulher de 38 anos que acaba de se instalar na casa onde viveu a infância, quando o local era um orfanato. Junto com ela, estão o marido Carlos (Fernando Cayo) e o filho adotivo Simón (Roger Princep). Esse menino de sete anos compensa sua solidão brincando com amigos invisíveis. Poderia ser uma situação banal, mas a trilha musical sinistra, constante e intensa, evidencia a existência de que algo sobrenatural pode surgir.
Consistente e envolvente
Na primeira parte do filme, o diretor J.A. Bayona enfatiza o suspense. Laura desconfia das brincadeiras de Simón, principalmente depois de uma misteriosa visita de uma senhora que sabe da doença que o menino tem. Mas, tudo fica no ar apenas. Alguns trechos preparam o espectador para jump scares, mas estes ficam apenas na ameaça. Essa opção permite que, mesmo após o fim do filme, possamos admitir duas hipóteses para o desaparecimento de Simón: a existência dos fantasmas ou concluir que era imaginação de Laura. Afinal, somente Laura vê o sobrenatural.
A partir do momento em que Laura e Simón iniciam um jogo de pistas para encontrar um tesouro, o tom do filme se torna menos sufocante. A música traz notas mais alegres mescladas à base sombria. Com isso, entendemos que os fantasmas, talvez, não sejam uma ameaça ruim. Na parte final, esse jogo retorna, mas numa pegada mais séria, como recurso para Laura entrar em contato com os fantasmas. Dessa forma, ao retomar pontos lançados ao longo do filme, constatamos a inteligência do roteiro escrito por Sergio G. Sánchez, que também estreava em longas. Perto da conclusão, o enredo ainda lança uma bela conexão com a história de Peter Pan, mencionada antes na trama, provando a força desse filme que é consistente e envolvendo do início ao fim.
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Ficha técnica:
O Orfanato | El Orfanato | 2007 | 105 min | Espanha, México | Direção: J.A. Bayona | Roteiro: Sergio G. Sánchez | Elenco: Belén Rueda, Fernando Cayo, Roger Princep, Mabel Rivera, Montserrat Carulla, Andrés Gertrúdix, Edgar Vivar, Óscar Casas, Geraldine Chaplin.