Sete Minutos Depois da Meia-Noite é uma fábula moderna sobre o amadurecimento de um menino de 12 anos diante da difícil luta de sua mãe contra uma doença terminal.
Conor mora sozinho com a mãe, mas, com o agravamento da doença, sua vó chega para ajudar. Logo, a incompatibilidade de gênios com ela, o bullying na escola, a chegada do pai que não o quer morando com ele, e a convalescência da mãe. Tudo isso se soma nesse duro momento de sua vida.
Então, surge a enorme árvore em frente a sua casa, em forma de um monstro, para lhe contar quatro estórias. Mas, ao invés do padrão dos contos de fadas tradicionais, Conor ouve relatos sem pessoas boas ou más, nem finais felizes. O monstro revela ao menino que o mundo não é como ele idealizava, que uma pessoa pode ser boa e má, que nem tudo acontece como desejamos, não importa o quão forte seja nosso desejo.
Dessa forma, Conor aprende a lidar com os dilemas morais que sente em relação à situação da mãe.
O monstro parece brotar da imaginação de Conor. Afinal, vemos o quadro que ele desenha em uma folha de papel se fundir com a moldura da janela de seu quarto, de onde se pode ver a árvore que dará origem ao monstro. Porém, na parte final de Sete Minutos Depois da Meia-Noite, presenciamos um sublime momento fantástico onde a mãe de Conor olha para o monstro, alertando o que depois confirmaremos. Ou seja, que ela chamou a árvore para ajudar o filho nesse momento, como ela já havia sido ajudada quando pequena.
A direção de J.A. Bayona
O diretor espanhol J.A. Bayona filma Sete Minutos Depois da Meia-Noite com uma delicadeza que o torna recomendável a todas as crianças de 10 a 12 anos. É uma experiência tocante e uma vivência crucial mesmo para quem não viva a situação do protagonista Conor. Dessa forma, Bayona consegue atingir o público alvo de Steven Spielberg com mais assertividade do que o próprio conseguiu em O Bom Gigante Amigo (2016), que tem várias semelhanças com Sete Minutos Depois da Meia-Noite. Aliás, esse é um dos motivos pelos quais Bayona foi convidado a dirigir Jurassic World: Reino Ameaçado (2018), cuja franquia preza por colocar diretores que seguem o estilo de Spielberg.
Pena que o título nacional Sete Minutos Depois da Meia-Noite desvirtua uma regra da estória. O monstro não aparece sete minutos depois da meia-noite, mas sete minuto depois das 12 horas, tanto que surge em uma cena de dia na escola de Conor. É um título comercial que fugiu do original “A Monster Calls” (tradução: “Um Monstro Chama”), e que parece obra de alguém que nem assistiu ao filme.
Enfim, esqueça esse título nacional e se emocione com Sete Minutos Depois da Meia-Noite.
