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O Quatrilho (filme)
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O Quatrilho

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

O Quatrilho é um filme importante na história do cinema brasileiro. Afinal, está entre os três títulos nacionais que foram indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro, até agora – os outros são O Pagador de Promessas (1963) e O que é isso, companheiro? (1998). Além disso, ao contrário da intenção predominante no Brasil de produzir um cinema próximo da cultura local, o filme de Fábio Barreto conta uma estória universal, um drama romântico que assume as influências estrangeiras.

Ao invés de se passar no Rio de Janeiro ou no Nordeste, O Quatrilho fixa sua trama em Santa Corona, no Rio Grande do Sul. Conta uma estória de amor ambientada nessa região na época da colonização italiana, em 1910. Dois casais de imigrantes vão morar em uma casa no terreno que compraram em sociedade. Porém, Massimo (Bruno Campos) se apaixona pela mulher do amigo, Teresa (Patricia Pillar), e a paixão se torna incontrolável. Enquanto Angelo (Alexandre Paternost) se concentra no trabalho e progride nos negócios, sua mulher Teresa começa um caso com o sócio. Por fim, os amantes fugirão juntos. Então, um novo amor surgirá entre os dois preteridos, Angelo e Pierina (Gloria Pires), que precisarão enfrentar o preconceito da sociedade.

Jogo de cartas

O nome do filme se refere a um jogo de cartas que envolve troca de parceiros, como dois personagens explicam para o espectador. Essa solução simples de explicar ao público verbalmente ao invés de através de imagens, reflete o modo de filmar do diretor Fábio Barreto. A direção não se preocupa em explorar as possibilidades da gramática cinematográfica, e se apoia nos diálogos para contar a estória.

Talvez isso tenha prejudicado os atores, que soam muito artificiais, mais preocupados com o sotaque italiano do que em expressar emoção. Nem mesmo as atrizes Patricia Pillar e Glória Pires mostram uma interpretação à altura de seus talentos. A atuação parece fraca também porque algumas falhas na edição do filme prejudicam o raccord entre os personagens. Em outras palavras, os olhares deles não se coincidem quando olham ou falam um com o outro.

Por outro lado, O Quatrilho merece elogios pela sua bela fotografia, e pela produção que conseguiu realizar um filme de época com uma convincente reconstituição. Fábio Barreto filma em locações e foge, assim, do padrão de cenários em estúdios de televisão. Isso evita que o filme fique com cara de novela.

Fora da fórmula rom-com

O roteiro, escrito por Antônio Calmon e Leopoldo Serran, baseado no livro de José Clemente Pozenato, possui muita força e mantém o interesse do espectador. Aliás, apesar de se enquadrar no gênero drama romântico, não segue as fórmulas hollywoodianas. No lugar de focar só no relacionamento dos amantes, se concentra no amadurecimento dos quatro protagonistas. Por isso, não há aquele momento em que os dois apaixonados brigam e colocam a relação em risco, típico das estórias que seguem a fórmula do gênero.

Assim, mesmo sem uma direção segura, O Quatrilho agrada por sua boa estória e pelas belas imagens. Na época de seu lançamento, em 1995, parecia que iniciaria uma nova onda de filmes brasileiros que pudessem ser mais facilmente consumidos pelo público nacional e internacional. Porém, essa perspectiva nunca se concretizou.

 

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Ficha técnica:

O Quatrilho (1995) Brasil. 92 min. Dir: Fábio Barreto. Rot: Antônio Calmon, Leopoldo Serran. Elenco: Patricia Pillar, Glória Pires, Alexandre Paternost, Bruno Campos, Gianfrancesco Guarnieri, José Lewgoy, Cecil Thiré, Cláudio Mamberti, Antônio Carlos Pires, Arcangelo Zorzi, José Vitor Castiel.

Onde assistir:
O Quatrilho (filme)
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