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O Som da Montanha (filme)
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O Som da Montanha

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

“O Som da Montanha”: Setsuko Hara vive Kikuko, mais uma mulher forte de Naruse

O melodrama “O Som da Montanha” acrescenta à filmografia do diretor Mikio Naruse mais uma forte personagem feminina. Baseado em livro de Yasunari Kawabata, escritor que Naruse já adaptara para as telas duas vezes, o filme traz outra família desarmônica, tema constante na obra do cineasta.

Shingo Ogata (So Yamamura) é o patriarca. Já em idade avançada, o empresário tem como secretário seu filho, Shuichi (Ken Uehara), casado com Kikuko (a famosa atriz japonesa Setsuko Hara). Ela representa o frescor da família e a melhor companhia para Shingo, pois sua esposa não o interessa mais. Mas ele se preocupa com a nora, porque sabe que seu filho possuía uma amante, e, mesmo sendo uma ótima esposa, Kikuko é desprezada pelo marido. Para completar o quadro doméstico, a filha Fusako volta para casa com seus dois filhos, após abandonar o marido.

A sogra, de certa forma, mostra a Kikuko qual será seu futuro se aceitar o papel submisso tradicional da mulher no Japão. Por outro lado, a cunhada representa uma alternativa a esse destino, se bem que em uma situação agravada por causa dos dois filhos. Tudo isso a levará a tomar uma decisão dramática e corajosa.

Personagens femininas

A amante de Suichi é outra mulher sofredora, surrada e usada por esse homem que logo a trocará por outra. No universo de Naruse, as personagens femininas precisam ser independentes para buscar um destino menos doloroso. Os homens, por outro lado, são mais fracos. Em “O Som da Montanha”, até mesmo o protagonista, Shingo, apesar de ser uma boa pessoa, não encontra soluções para os dilemas da família devido ao seu pensamento conservador, precisando que sua esposa o aconselhe para que enxergue melhor a realidade e tome as decisões mais sensatas.

Nesse sentido, a última cena do filme transpõe para a tela a alternativa da liberdade que Kikuko bravamente prefere seguir. Há tristeza nela, porque deixará para trás a alegria do cotidiano na residência dos sogros, cujo ponto destoante era o marido. Por isso, o desfecho emocionante coloca Kikuko e Shingo se despedindo, em delicada demonstração de melancolia, ao mesmo tempo que celebra a liberdade dela.

Desta vez, Naruse não revela o resultado da opção da protagonista, como fez em “Quando a Mulher Sobe a Escada”. Contudo, enfatiza a libertação, representada nessa única sequência filmada junto à natureza com planos longos, em contraponto com todas as demais que se passam em ambiente urbano ou no mesmo parque com enquadramento em close up.


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