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O Tigre Branco (filme)
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O Tigre Branco

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

O Tigre Branco conta a ascensão de um herói sem caráter. Balram nasceu em uma casta pobre na Índia. Quando decide quebrar o seu destino de ser um serviçal, percorre o caminho da desonestidade.

O prólogo de O Tigre Branco recorre ao recurso de antecipar um momento dramático da estória. Com isso, dá a deixa para explorar a trajetória dos personagens em cena, até chegarem a essa situação. Mas, antes disso, o protagonista, que também é o narrador, revela que se tornou um empresário de sucesso. Enquanto a introdução se passou três anos antes, em Delhi, agora ele está em Bangalore, em 2010, escrevendo para o primeiro-ministro chinês. Assim, ele apresenta a sua trajetória.

Quando criança, Balram se destaca na escola por ser inteligente. E, teria um grande potencial de sucesso. Porém, ele conta que, na Índia, as pessoas devem se resignar a permanecer na classe social em que nasceu. Então, quando vira adulto, se esforça para ser um ótimo serviçal dedicado ao seu patrão. Contudo, aos poucos ele mudará seu destino.

E, para essa mudança, Balram não desperdiça oportunidades de tirar vantagens. Por exemplo, ele trai a confiança do motorista principal da casa para tomar o seu lugar. E essa pré-disposição se agrava com a influência de Pinky, a esposa do seu patrão Ashok.

Pinky

Aliás, Pinky, interpretada por Priyanka Chopra (da série Quantico), é a única das personagens bem intencionadas de O Tigre Branco. De fato, somente ela se incomoda realmente quando a família de Ashok obriga Balram a assumir a culpa por um acidente automobilístico. Ela também tem origem em uma casta humilde, mas conseguiu ascender socialmente por emigrar para os EUA. É lá que ela conhece e se casa com Ashok. Com sua forte personalidade, Pinky tentar evitar que o marido seja igual ao pai e irmãos dele, que abusam dos seus empregados. Por outro lado, encoraja Balram a não ser tão submisso.

A direção

Após a sua adaptação do livro Fahrenheit 451 (2018), este é o primeiro longa de ficção do diretor Ramin Bahrani. Aqui ele recorre a um estilo moderno para contar a estória. Assim, usa planos curtos, aliás curtíssimos no começo do filme, para tornar o ritmo ágil. Além disso, a narração investe na cumplicidade do protagonista com o espectador. Ou seja, é como se Balram fosse revelar o segredo do sucesso, semelhante a um vídeo de um guru de autoajuda.

Como resultado, O Tigre Branco apresenta influências dos filmes A Grande Aposta (2015) e Vice (2018), de Adam McCay. Juntamente com o estilo visual e narrativo, essas obras também se aproximam pelo tom cínico. Afinal, seus relatos retratam personagens sem escrúpulos.

Nesse sentido, Balram é um herói sem nenhum caráter. Tal qual Macunaíma, parte de uma origem humilde e se perde na vida. Em outras palavras, Balram pratica crimes, mesmo recorrendo à violência. E se justifica pelos seus atos, ao afirmar que esta é a única maneira de se atingir o sucesso em seu país. Assim, o espectador que se empolga com a possibilidade de receber de Balram os segredos para ser um empreendedor de sucesso, acaba com o gosto amargo do cinismo de O Tigre Branco.


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