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Obediência (filme)
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Obediência

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

O filme Obediência parte de acontecimentos reais para construir uma severa análise sobre o comportamento humano.

Em um dia de muito movimento numa filial de uma cadeia de fast food, a gerente Sandra recebe um telefonema de um policial. Segundo ele, a funcionária do caixa Becky roubou dinheiro da bolsa de uma cliente. Em seguida, Sandra passa a seguir as instruções do policial. Para começar, leva Becky para sua sala, a fim de interrogá-la. A partir daí, os procedimentos se tornam cada vez mais absurdos.

Credibilidade

Obediência depende a aceitação do espectador a respeito da credibilidade nessa situação absurda. Afinal, para quem está nessa posição distanciada, parece evidente que se trata de um trote. Porém, isso realmente aconteceu. De acordo com o filme, foram registrados mais de 70 incidentes dessa natureza nos Estados Unidos.

A primeira chave que o filme trabalha é o poder de manipulação desse falso policial. Como se pode ver, ele obtém todas as informações que precisa diretamente da gerente. Na verdade, Sandra engole a estória e não desconfia de nada. Esse trote se assemelha aos golpes dos estelionatários que, por telefone ou pessoalmente, convencem suas vítimas para conseguir senhas de contas bancárias, ou mesmo saque em dinheiro.

Análise comportamental

Além dessa abordagem, Obediência traz uma análise comportamental humana. Para isso, parte do pressuposto de que, em situações extremas, as pessoas mostram quem são de verdade. Nesse sentido, o mais evidente exemplo é Van, o noivo de Sandra, a quem ela recorre para vigiar Becky durante algum tempo. É ele quem pratica as piores atrocidades com a jovem. Apesar de ele seguir as instruções do policial, o filme mostra indiretamente que Van já possuía predisposição para esses atos perversos. Talvez nem ele soubesse, mas isso fica claro quando outros empregados masculinos não aceitam as mesmas ordens. A princípio, esses dois não possuem essa perversão, e nem a ambição de Sandra.

De fato, Sandra apresenta indícios de uma ambição por poder debaixo de sua busca por eficiência. Por isso, toma decisões sem avisar ao seu superior imediato. Nesse sentido, o telefonema do falso policial se encaixa com suas pretensões. Sem se dar conta, ela obedece às suas ordens porque elas dão vazão à sua necessidade de empoderamento.

Escrito e dirigido por Craig Zobel

Por fim, o diretor e roteirista Craig Zobel filma tudo isso com um orçamento muito baixo. Assim, utiliza muito a câmera na mão, se movimentando por trás de móveis e paredes. Isso lembra o estilo da série cômica The Office. E coloca o espectador na posição de testemunha daquela situação. De fato, o público fica em dúvida sobre a legitimidade desse policial, como se estivesse na pele da gerente. De repente, um breve plano fora da lanchonete revela que o homem que está ao telefone não é um policial. A partir daí, o espectador assume uma posição questionadora. E essa mudança de ponto de vista vem no momento certo, pois as instruções do falso policial se tornam, então, mais abusivas.

Além de ser um filme tenso, vale a pena assistir Obediência como um alerta para que situações desta natureza se repitam.

Posteriormente, Craig Zobel realizaria outro filme polêmico: A Caçada, com viés mais politizado.

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Ficha técnica:

Obediência (Compliance) 2012. EUA. 90 min. Direção e roteiro: Craig Zobel. Elenco: Ann Dowd, Dreama Walker, Pat Healy, Philip Ettinger, Ashlie Atkinson, Nikiya Mathis, Bill Camp.

Onde assistir "Obediência":
Obediência (filme)
Obediência (filme)
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