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Os Brutos Também Amam (filme)
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Os Brutos Também Amam

Avaliação:
9/10

9/10

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Crítica | Ficha técnica

Um dos maiores clássicos do faroeste, Os Brutos Também Amam (Shane) tem direção de George Stevens, um outsider do gênero, apesar de na época já reunir fama e reconhecimento com um Oscar por Um Lugar Ao Sol (A Place In The Sun, 1951). Posteriormente, ainda ganharia outro, por Assim Caminha a Humanidade (Giant, 1956). Mas, justamente por não ser um diretor especialista em westerns, Stevens inovou.

Os elementos tradicionais, porém, estão presentes. Logo nos créditos iniciais, a câmera privilegia a visão horizontal e panorâmica da paisagem desértica do oeste americano, acompanhando o protagonista Shane, montado em um cavalo, atravessando a tela de ponta a ponta, vagarosamente.

Os personagens em destaque

Em uma tomada mais próxima do personagem, sua presença elegante, vestindo roupas beges típicas dos pioneiros da nova fronteira, encanta o menino Joey Starrett (Brando De Wilde), que o vê como um herói. Diferente de seu pai, tanto nas roupas como na atitude caseira versus errante, Shane logo se junta aos “bons” contra os “maus”, que surgem na tela sob música aterrorizante pisando propositalmente na horta da família Starrett.

Quem se fascina também por Shane é Marian (Jean Arthur), a mãe de Shane. Veladamente, seus olhares brilham diante do forasteiro. Mas, exemplo de esposa trabalhadora e fiel, seus impulsos são contidos, mesmo durante uma conversa a sós com Shane, e chegam apenas a um singelo contato físico quando dançam juntos em uma festa. O herói, típico do faroeste da época, possui moral impecável e nunca busca uma aproximação maior.

O relacionamento com Joe Starrett (Van Heflin) se estreita diante dos desafios. O primeiro, mais simples, simboliza o início da união dos dois, quando trabalham em conjunto para arrancar um tronco de árvore no quintal da casa de Joe. O segundo, quando Shane se vê forçado a usar seus melhores atributos, como pistoleiro, para afastar a ameaça do latifundiário Ryker que quer dominar todas as terras do local.

O diretor George Stevens coloca mais ênfase na construção dos personagens, ao contrário dos filmes de ação em geral, e o primeiro confronto só acontece após quarenta minutos, e envolve apenas uma luta de socos entre Shane e um dos membros da gangue dos Rykers. A primeira morte, somente com uma hora e dez de projeção. Essa cena carrega uma força dramática tremenda, pois mostra o pistoleiro de aluguel, contratado por Ryker, atirar em um dos moradores locais, evidenciando que Starrett e os outros pioneiros correm realmente um grande perigo.

Final inesquecível

O pistoleiro, Jack Wilson, é interpretado por Jack Palance, ator oriundo da TV, faz aqui seu terceiro filme de cinema. Totalmente oposto a Shane, veste sempre roupas pretas e senta e anda com postura deselegante e relaxada. Enfim, o vilão devidamente identificado.

Como manda a estrutura de um bom faroeste, o final de Os Brutos Também Amam mostra o duelo entre o herói e o vilão. O clímax ganha dose especial de drama ao posicionar o garoto Joey como testemunha do evento, que transcorre de forma a enaltecer ainda mais a coragem e a ética do mocinho. O filme, aliás, tem pouca violência, sendo um filme indicado para a família.

A última cena do filme, que se tornou emblemática, mostra o garoto gritando “Shane, volte” (“Shane, come back!”), enquanto o herói parte, cumprindo seu destino de andarilho. Ele sabe que não se adapta a uma vida, e parte, deixando para trás a família por quem criou grande afeição.

O elenco e a direção

O garoto Brandon De Wilde, que  tinha onze anos no lançamento do filme, continuou uma carreira elogiada pela crítica, mas sem alcançar grande fama. O seu outro filme famoso foi O Indomado (Hud, 1963), com Paul Newman. Talvez chegasse ao grande estrelato posteriormente, se não tivesse morrido em um acidente de carro aos 30 anos.

Para Alan Ladd, Shane foi o papel de sua vida. O ator nunca decolou, apesar de ter feitos muitos filmes. O que comprova que a profundidade do personagem é muito mais fruto das situações criadas no roteiro pelo diretor Stevens, do que da sua atuação.

Já Joe Starrett é vivido por Van Heflin, que é um daqueles famosos atores coadjuvantes. Com certeza, você já o viu em vários filmes. Aqui, seu papel é bem importante.

Por fim, Jean Arthur é a estrela do filme, em termos de celebridade. Mais conhecida em personagens cômicos, aqui enfrenta um papel dramático com muita raça. Talvez por isso esteja sem glamour, com um cabelo estranho, e sem close-ups em seu rosto.

Em Os Brutos Também Amam, George Stevens domina a direção e principalmente a fotografia com enquadramentos desconcertantes. A briga entre Shane e Starrett, por exemplo, recebe emoção potencializada com o nervosismo dos animais da fazenda. Mais que isso, Stevens inseriu uma visão psicológica pouco usual no gênero western até então.


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