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Os Chefões (filme)
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Os Chefões

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Abel Ferrara começou sua carreira levando para as telas a violência sórdida do submundo de Nova York. Em Os Chefões, ao retratar o ambiente criminoso da máfia italiana, o diretor constrói um retrato sem o habitual glamour artificial com o qual muitos filmes pintam esses bandidos.

O enredo

Os Chefões acompanha três irmãos mafiosos com comportamentos à beira do limite, que certamente levarão a uma inevitável tragédia. E, de fato, o filme começa já com o funeral do caçula Johnny. Interpretado por Vincent Gallo, ele é um rapaz de 22 anos que leva uma vida louca e inconsequente.

Em seguida, o frio assassino Ray, o irmão mais velho vivido por Christopher Walken, logo parte para a vingança, antes mesmo de ter certeza de quem é o culpado pela morte do irmão. Enquanto isso, o outro irmão, Chez (Chris Penn), mentalmente instável, teme perder a vida que construiu.

O roteiro de Nicholas St. John, colaborador habitual de Abel Ferrara até então, apresenta reviravoltas inesperadas e um final surpreendente. De fato, é tão trágico que certamente seria acompanhada de uma ópera se o filme fosse dirigido por Francis Ford Coppola.

Elenco

Adicionalmente, Os Chefões conta com um excelente elenco. Sem dúvida, os atores que interpretam os três irmãos imprimem o tom de perigosa loucura que seus papéis exigem. Afinal, de Christopher Walken, já se espera naturalmente esse efeito. Da mesma forma, Vicent Gallo aproveita sua pinta de galã para retratar o caçula que acha que pode tudo.

E Chris Penn, irmão de Sean Penn, parece incorporar o Joe Pesci de Os Bons Companheiros. Acima de todos, seu personagem Chez é o mais complexo dos três protagonistas, apresentando várias facetas. Por um lado, é o alegre dono de bar, que canta para entreter os amigos e clientes. Por outro, ele tem ataques de fúria, e praticamente violenta a esposa (papel de Isabella Rossellini). Enfim, sua imprevisibilidade deixa os espectadores na ponta da poltrona.

Igualmente merecem destaque também os personagens secundários. Além de Isabella Rossellini, Annabela Sciorra se sobressai no dramático papel da esposa de Ray. E, despontando em sua carreira, Benício Del Toro surge carismático no papel de Gaspare, o opositor dos irmãos.

A direção

Mas, o roteiro e as atuações só tornam Os Chefões um bom filme por causa da direção de Abel Ferrara. Afinal, é ele quem apresenta uma montagem não linear que permite a construção da estória sem deixá-la previsível.

Com habilidade, Ferrara conecta o prólogo com o final, mostrando Johnny assistindo a um filme onde a fala de Humphrey Bogart praticamente resume a trama de Os Chefões, pouco antes de ele ser atacado por seu algoz, o que só será evidenciado na conclusão. E a cena do assassinato é preservada até a parte final, para não revelar quem é o matador.

O filme ainda apresenta um toque de simbolismo que é vital para aprofundar o personagem de Christopher Walken. A introdução dele nesse mundo mafioso acontece em sua infância, aos 13 anos, quando o pai, ainda na Itália, o obriga a matar um homem e guardar a bala que usou para esse ato de passagem. No epílogo, Ray coloca essa bala no paletó do falecido Johnny, revelando sua decisão de deixar o mundo do crime, diante das súplicas da esposa e da vingança com gosto amargo.

Concluindo, Os Chefões, por isso, é bombástico. Apresenta três personagens que são barris de pólvora em forma humana, o que tornaria a sua estória previsível, não fosse a inteligente estrutura narrativa escolhida por Abel Ferrara.


Ficha técnica:

Os Chefões – EUA, 99 min. Dir: Abel Ferrara. Rot: Nicholas St. John. Elenco: Christopher Walken, Chris Penn, Annabella Sciorra, Isabella Rossellini, Vincent Gallo, Benicio Del Toro, Gretchen Mol, John Ventimiglia, Paul Hipp, Victor Argo, Edie Falco.

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