Os Ciganos Vão Para o Céu é uma produção soviética com características peculiares que se baseia em contos de Máximo Gorki para retratar uma aventura de um ousado cigano na virada do século XX.
O personagem principal é o grande ladrão de cavalos cigano Loiko Zobar. Ousado, rouba até dos soldados, mas nem sempre consegue sair ileso. Quando é mortalmente ferido, surge a belíssima Radda que o cura com seus poderes mágicos. Porém, ele fica loucamente apaixonado pela cigana, que costuma usar seus encantos para enganar os homens.
Apesar de Os Ciganos Vão Para o Céu ser primordialmente um filme de aventuras, muito próximo do faroeste, a música possui papel essencial e abundante. E, enquanto as cenas de ação seguem o cinema clássico, a parcela musical se diferencia bastante do cinema ocidental.
Há uma preocupação em apresentar as músicas diegeticamente, ou seja, originada na própria cena, e não como uma trilha sonora externa. Mas o diretor Emil Loteanu não repete os padrões do cinema americano. Então, muitas vezes, principalmente no início do filme, ouvimos a música, mas só depois descobrimos que são os próprios personagens em cena que a estão produzindo. Isso acontece porque o trecho não começa com um close do personagem cantando, ou do músico tocando.
As dublagens não estão bem sincronizadas e as vozes dos cantores que gravaram as músicas são diferentes demais daquelas dos atores. Veja, por exemplo, o protagonista Zobar, que canta com uma voz extremamente fina, muito longe da voz que ouvimos nos diálogos. Como resultado, precisamos procurar em meio ao plano distante quem é que está cantando.
Liberdade cigana
Contudo, as músicas ciganas no filme são muito belas e contribuem na captura do modo de vida desse povo nômade que se depara constantemente com a hostilidade dos moradores das cidades.
Essa liberdade cigana, como a conclusão inesperada do filme mostra, não pode ser sacrificada nem pelo maior amor do mundo.
Os Ciganos Vão Para o Céu agrada o público com seu ritmo ágil e usa várias sequências de ação, mas causará estranheza em seus trechos musicais.
