Baseado no livro de 1887 escrito por Henry James, Os Papéis de Aspern é um romance dramático de época cuja história se passa em Veneza. O rico norte-americano Morton Vint (Jonathan Rhys Meyers) paga um alto aluguel para poder se hospedar na mansão de Juliana Bordereau (Vanessa Redgrave). Lá, a velha senhora mora sozinha com a sobrinha Tina (Joely Richardson). Morton alega que escolheu essa casa por causa do seu jardim. Porém, na verdade ele quer encontrar as cartas que o famoso poeta Jeffrey Aspern escreveu para sua ex-amante Juliana. Então, para consegui-las, tenta seduzir Tina.
O filme começa com a narração de Morton sobre a imagem do corpo do poeta morto na praia. Aliás, a estória do poeta aparecerá na tela outras vezes, mostrando o caso que teve com Juliana, quando eram jovens, nas cenas mais sensuais de Os Papéis de Aspern. Essas sequências são essenciais para revelar o quão audaciosa a moça foi, se envolvendo num ménage à trois que acabaria fazendo-a perder Aspern para o rapaz dessa relação. Contudo, as cartas de Aspern a acompanhariam até a morte do poeta e eram guardadas a sete chaves por ela. O seu passado sexual é mantido em segredo e esses trechos do passado permitem ao espectador ter o privilégio de compartilhá-lo com Juliana.
Presa fácil
E a recatada sobrinha solteirona Tina parece presa fácil para o belo e sedutor Morton, cujo plano para pôr as mãos nas cartas parece caminhar como ele deseja. No entanto, um acontecimento inesperado leva Tina à leitura desses papéis e a descoberta do passado libertino da tia a acaba transformando. Ao colocar Morton contra a parede, este recua e hesita sobre o quanto aceita sacrificar para obter os documentos escritos pelo poeta.
A sequência da alucinação de Morton evidencia o quão perigoso ele realmente é. Porém, ele acaba a estória enfraquecido, enquanto Tina termina empoderada. De fato, a transformação desses personagens representa a essência desse filme romântico em que o amor provoca sofrimento.
Elenco
John Rhys Meyers já viveu outros personagens refinados e sedutores no filme Match Point, de Woody Allen, e na série The Tudors. Contudo, aqui ele soa pomposo demais, à beira do caricato. Mesmo assim, consegue ainda provocar a antipatia do público, como se espera que seu personagem provoque.
Já Vanessa Redgrave e sua filha na vida real, Joely Richardson, entregam ótimas atuações. Aliás, é notável como a personagem de Joely Richardson se transforma na parte final, libertando-se da influência da tia. O filme simboliza essa passagem pelo ato de jogar o anel da tia no mar.
Vale a pena assistir?
O diretor Julien Landais, nesse seu primeiro longa-metragem, preferiu um tom dramático contido, que se ajusta ao ambiente na soturna casa de Juliana Bordereau. Porém, Os Papéis de Aspern ganharia mais emoção com uma escolha mais expressiva. Do jeito que está, é um filme até agradável de se assistir. Com isso, é fácil de acompanhar, mas não desafia os sentimentos do público.
Ficha técnica:
Os Papéis de Aspern (The Aspern Papers, 2018) Reino Unido/Alemanha. 90 min. Dir: Julien Landais. Rot: Jean Pavans, Julien Landais, Hannah Bhuiya. Elenco: Jonathan Rhys Meyers, Vanessa Redgrave, Joely Richardson, Alice Aufray, Barbara Meier, Jon Kortajarena, Lois Robbins, Morgane Polanski, Nicolas Hau, Poppy Delevingne.
Trailer:
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