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Paixão Juvenil (filme)
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Paixão Juvenil

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

“Paixão Juvenil”: A influência que virou referência

O diretor Ko Nakahira é celebrado como uma influência na nouvelle vague. De fato, “Paixão Juvenil”, seu primeiro filme, já evidencia os motivos de sua penetração na cinegrafia francesa.

Na estória, os irmãos Haruji (Masahiko Tsugawa) e Natsuhisa (Yujiro Ishihara) são jovens de classe média alta que vivem uma boa vida à beira da praia. Lá, passam o tempo esquiando com sua lancha ou saindo com amigos. Natsuhisa, o mais velho, é mulherengo e autoconfiante, o inverso de Haruji, acanhado em relação ao sexo oposto. Eis que o caçula se apaixona por Eri (Mie Kitahara), uma garota que lhe entrega um objeto que ele deixa cair. Como uma femme fatale de um film noir, Eri não é o que aparenta ser, e põe em risco o relacionamento entre os dois irmãos.

Esse enredo se encaixaria facilmente na filmografia de François Truffaut, o expoente do citado movimento francês que melhor explorou o tema amor. Na verdade, os irmãos de “Paixão Juvenil” poderiam até ter compartilhado Eri como os amigos fizeram em “Jules e Jim” (1962). Mas, não é o que acontece. Pelo contrário, o final do filme lembra o terceiro ato das peças de Tennessee Williams, quando os sentimentos explodem e tudo sai dos eixos.

Influência dos EUA

No Japão pós-guerra de 1956, ano de lançamento desse longa de Ko Nakahira, a influência dos Estados Unidos era massiva. Assim, as primeiras cenas, na estação de trem, revelam pessoas vestidas no melhor estilo da moda norte-americana da época. Adicionalmente, as músicas, sejam diegéticas ou da trilha sonora, não trazem referências da cultura japonesa, mas sim o som ocidental, principalmente das big bands, influenciando consequentemente as danças dos personagens. Eis que essa dominância dos americanos, ainda que sedimentada aos olhos da câmera, é apunhalada por Nakahira. Primeiro, quando zombam de um dos rapazes da turma por ter passado um tempo nos Estados Unidos. Segundo, e mais importante, ao colocar um americano como o marido traído de Eri.

Contudo, em termos de cinema, Nakahira abraça o estilo hollywoodiano. “Paixão Juvenil” possui ritmo frenético, em que predominam os planos curtos. Além disso, o diretor usa e abusa de cortes rápidos e muitas variações nas tomadas. Da mesma forma, há muito movimento nas cenas e o som atua ativamente para nunca deixar o filme cair na monotonia.

Enfim, Nakahira dá um notório exemplo de como usar com inteligência influências de outra escola do cinema. Com isso, acaba ele mesmo se tornando referência para outros cineastas.


Ficha técnica:

Paixão Juvenil (Kurutta Kajitsu, 1956) 86 min. Dir: Ko Nakahira. Rot: Shintaro Ishihara. Com Yujiro Ishihara, Masahiko Tsugawa, Mie Kitahara, Masumi Okada, Eiko Higashiya, Atsuko Akashi, Yoko Benisawa, Harold Conway, Ayuko Fujishiro, Taizo Fukami, Keiko Hara, Shigeo Hayashi, Eiko Higashitani, Hiroshi Kondo.

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