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Paris, 13º Distrito (filme)
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Paris, 13º Distrito

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

A estrutura narrativa de Paris, 13º Distrito consegue condensar em um longa metragem três histórias de graphic novels de Adrian Tomine. E realiza essa proeza de forma criativa.

A trama

Na sua primeira parte, conhecemos a jovem Émilie Wong (Lucie Zhang), quando ela subloca seu apartamento para Camille Germain (Makita Samba), um professor de ensino fundamental. Logo, eles se tornam amantes, mas Émilie se apaixona, enquanto Camille deseja manter sua liberdade de fazer sexo com muitas mulheres diferentes.

No capítulo seguinte, acompanhamos Nora Ligier (Noémie Merlant), uma mulher de trinta anos do interior que retoma a faculdade de Direito em Paris. Porém, ela sofre bullying nas redes sociais após a confundirem com Amber Sweet (Jehnny Beth), uma garota de programa virtual, famosa entre os estudantes. Meses depois, após largar o curso, começa a trabalhar numa imobiliária, usando a vasta experiência que teve em sua cidade natal.

Então, os destinos dos três protagonistas se cruzam, pois Camille suspendeu sua carreira como professor para se preparar para um concurso. Enquanto isso, gerencia a imobiliária na qual Nora começa a trabalhar. Não obstante, Camille e Émilie ainda mantêm contato entre si, apesar dos atritos.

Émilie e Camille

Os três personagens principais de Paris, 13º Distrito são construídos com profundidade e características que os distinguem, e até opõem, entre si. No entanto, isso não significa que todos eles agradem ao público. Pelo contrário, é difícil sentir empatia por Émilie. A jovem vive de graça no apartamento da avó, que mora em uma casa de repouso. Apesar das súplicas de sua mãe, Émile nunca visita a avó. E, faz pior ainda, pois propõe a uma nova inquilina que a visite fingindo ser ela, aproveitando-se de seu Alzheimer.

Da mesma forma, não é fácil gostar de Camille. Ele se aproveita de seu poder de sedução para usar as mulheres. Émilie é uma das suas vítimas, assim como Stéphanie, sua substituta na escola, e, logo, Nora também. Ele e Émilie se assemelham em suas atitudes individualistas, e o desfecho deles juntos prenuncia uma futura relação muito conflitante.

Nora

De fato, a única protagonista capaz de conquistar o espectador é Nora. Aliás, tal exceção levanta a suspeita de que Céline Sciamma, uma das roteiristas de Paris, 13º Distrito, tenha favorecido a personagem interpretada por Noémie Merlant. Afinal, Sciamma foi diretora e roteirista, e Merlant uma das atrizes principais de Retrato de uma Jovem em Chamas (Portrait de la jeune fille en feu, 2019). Ou, mesmo que não tenha sido favorecimento, a sensibilidade de Sciamma pode ter influenciado a construção de Nora Ligier.

Nora possui a simplicidade do interior, e não vê a hostilidade ao seu redor. Por exemplo, na faculdade, os colegas mais jovens a tratam com jocosidade, daí a escolherem como vítima de assédio virtual. Aos poucos, descobrimos que sua insegurança está ligada a questões sexuais. Quando jovem, foi amante de seu tio, uma relação provavelmente abusiva que o filme não chega a acusar. Hoje, não consegue chegar ao orgasmo mesmo com um amante experiente como Camille. Por fim, Nora descobre sua cara metade em Amber Sweet, a quem alcança revelando sua sinceridade. Em outros assuntos, como no âmbito profissional, Nora é segura, e se mostra muito mais competente que seu chefe Camille.

A direção

O diretor Jacques Audiard realizou seu primeiro filme em 1994. Em Paris, 13º Distrito, seu décimo longa, ele acerta ao optar pela fotografia em preto e branco. O tema central dos relacionamentos amorosos na Paris em P&B remete aos filmes de Philippe Garrel. Por exemplo, O Ciúme (La jalousie, 2013) e Amante Por Um Dia (L’amant d’un jour, 2017).

A escolha da ambientação no bairro The Olympiades (título original do filme), também é acertada. Localizada no 13º distrito de Paris, ou seja, longe da área central – e das famosas atrações turísticas – o que se adequa aos seus personagens. Afinal, os três são pessoas comuns de classe média, incapazes de suportar o alto custo de vida das regiões mais valorizadas.

Porém, alguns detalhes deixam o filme truncado. São cenas curtas que soam deslocadas na narrativa, e tiram a fluidez do seu ritmo. Por exemplo, aquela que mostra Émilie tocando piano enquanto a câmera passeia pelas fotos de sua família. E, mais ainda, quando a trama abandona a perspectiva de seus protagonistas para mostrar a visão do último suspiro da sua avó antes de morrer.

Acima de tudo, o que mais enfraquece Paris, 13º Distrito são os personagens de Émilie e Camille. Fica evidente como a presença de Nora ilumina a tela, enquanto esses outros deixam tudo opaco.

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Ficha técnica:

Paris, 13º Distrito | Les Olympiades | 2021 | França | 105 min | Direção: Jacques Audiard | Roteiro: Jacques Audiard, Léa Mysius, Céline Sciamma | Elenco: Lucie Zhang, Makita Samba, Noémie Merlant, Jehnny Beth, Camille Léon-Fucien, Oceane Cairaty, Anaïde Rozam.

Distribuição: Califórnia Filmes.

O filme está no Festival Varilux de Cinema Francês, que acontece entre 25 de novembro e 8 de dezembro de 2021.

Onde assistir:
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