Pesquisar
Close this search box.
Pegando a Estrada (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

Pegando a Estrada

Avaliação:
8/10

8/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

Antes de tudo, não há como ignorar que o diretor e roteirista de Pegando a Estrada, Panah Panahi, é filho de Jafar Panahi, um dos mais importantes nomes do cinema iraniano. Jafar Panahi dirigiu, entre outros, O Balão Branco (1995) e O Círculo (2000). Além disso, foi alvo de comoção mundial quando em dezembro de 2010, o governo o condenou a uma sentença de seis anos, além de banimento das suas atividades.

Em sua estreia como diretor e roteirista, Panah Panahi se desvincula do cinema de seu pai. Pegando a Estrada flerta com o cinema moderno, e apresenta trechos musicais e de fantasia. Essencialmente, a trama conta um episódio triste, mas o tom do filme alterna drama e comédia, assim conseguindo entreter o espectador ao mesmo tempo que provoca sua reflexão.

O filme não entrega tudo de bandeja para o público, e isso fica evidente desde a primeira sequência. Nela, a câmera passeia por um carro parado, onde um menino de seis anos brinca no teclado desenhado no gesso da perna de um homem, que dorme, assim como a mulher que se senta no banco do passageiro. A trilha sonora traz notas de piano que acompanham o brincar do garoto nas teclas, convidando o espectador a participar dessa fantasia. Então, chega um rapaz caminhando e observa esses três personagens. Somente quando os diálogos se iniciam é que compreendemos a situação.

Uma família em fuga

Os quatro compõem uma família. O pai está com a perna engessada, por isso, o filho mais velho está ao volante, mas sem muita experiência de estrada. Já o mais novo, um menino hiperativo, alegra, mas também irrita a turma. Pelo menos, ele anima a mãe, que está triste porque a viagem representa a despedida do filho. O motivo específico o filme não explicita. Porém, sabemos que os pais tiveram que vender a casa para que o filho possa se casar. Ou, talvez, esse casamento seja um eufemismo para uma razão mais perigosa. Afinal, percebemos que ele partirá com pessoas mascaradas, provavelmente cruzando a fronteira do país.

O ritmo de Pegando a Estrada não se deixa contaminar pela hiperatividade do filho mais novo. Pelo contrário, possui um andamento lento, em algumas cenas que ficam na memória após a projeção. Por exemplo, a longa conversa entre o pai e o filho que parte à beira de um riacho, filmada com câmera fixa e sem cortes. E, também, a despedida captada de longe, evitando expor demais o melodrama da cena, em que a mãe chora muito, enquanto o caçula está preso por uma corda para não fazer nenhuma besteira.

O diretor Panah Panahi alivia o peso do drama com algumas incursões musicais simples. Elas trazem um personagem (isoladamente, a mãe e os filhos) dublando músicas iranianas que tocam no rádio do carro. A dublagem não é perfeita, pois os personagens não são artistas, mas pessoas comuns que buscam um momento de alívio. Aliás, o pai e o caçula vivem um instante de fantasia, numa bela transição que os transporta da grama para as estrelas.

Equilíbrio

Em suma, Pegando a Estrada deixa a sensação de um filme equilibrado. As doses de emoção, o andamento da narrativa, os breves momentos musicais, enfim, tudo bem balanceado. Por um lado, é agradável, mas, por outro, evidencia uma falta de ousadia. Em especial, quanto ao motivo da fuga do rapaz que, provavelmente, entraria numa denúncia social ou política. E Panah Panahi não arrisca ter o mesmo destino de seu pai.


Pegando a Estrada (filme)
Pegando a Estrada (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo