Cães de Aluguel é o segunda longa-metragem de Quentin Tarantino, lançado cinco anos depois de sua estreia com My Best Friend’s Birthday.
E os primeiros vinte minutos do filme já revelam o talento de Tarantino. Assim, começa com uma roda de conversa entre oito homens, aparentemente amigos de longa data. Aliás, os assuntos do bate-papo se tornariam marca registrada desse diretor e roteirista. São discussões acaloradas e “profundas” sobre temas banais. Por exemplo, a letra da canção “Like a Virgin” de Madonna e se a gorjeta para a garçonete deve ou não ser paga. Esse lero-lero poderia se tornar enfadonho não fossem os movimentos de câmera nervosos que rodam por trás da mesa, apresentando os personagens.
Personagens esses interpretados por um invejável ensemble cast, que caminham em câmera lenta juntos durante a icônica cena dos créditos iniciais.
Banho de sangue
E logo após os créditos, começa o banho de sangue, que estará presente na tela praticamente o tempo todo. O personagem de Tim Roth foi baleado durante o assalto frustrado desse grupo de homens. Então, seu sangue suja todo o carro que Harvey Keitel está dirigindo. Os dois chegam a um galpão vazio onde os membros sobreviventes da quadrilha se encontrarão para tentar descobrir se há algum traidor entre eles, trama que lembra muito Os Oito Odiados, filme de Tarantino lançado em 2015.
Nessa busca pelo delator, Cães de Aluguel mergulha o espectador em uma angustiante tortura imposta a um policial capturado pelo bando. Vale notar que descobrimos que aquela conversa que abre o filme era entre oito desconhecidos prestes a colocar em prática um assalto.
Quentin Tarantino é um diretor autor e várias características próprias construirão seu estilo. As conversas sobre temas aleatórios, a câmera com ponto de vista de dentro do porta malas, e a violência estão entre elas. Até mesmo a dança de um dos personagens de Cães de Aluguel servirá de inspiração para a famosa cena de John Travolta e Uma Thurman em Pulp Fiction: Tempo de Violência.
Cães de Aluguel se situa um degrau abaixo de Pulp Fiction, como um exercício obrigatório no processo de preparação para criar um dos seus melhores filmes.
