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Pequena Mamãe (filme)
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Pequena Mamãe

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

Após se consagrar com Retrato de uma Jovem em Chamas (2019), a cineasta francesa Céline Sciamma mergulha no universo da fantasia infantil em Pequena Mamãe (2021). Apesar de o tema se afastar do romance lésbico do seu filme anterior, identificamos claramente o estilo da diretora-autora Sciamma. Além do preciso, e fluente, trabalho com a câmera, incluindo movimentação e enquadramento, se sobressaem o desenvolvimento lento, sem solavancos emocionais, que resulta na sensibilidade controlada.

Pequena Mamãe transporta para a tela a indagação comum a todas as crianças. E se minha mãe (ou meu pai) tivesse a minha idade? O roteiro, escrito pela própria Sciamma, não lança essa ideia injustificadamente, como em comédias que brincam com assuntos similares – por exemplo, Quero Ser Grande (Big, 1988), em sentido inverso. O evento que incita a fantasia, no filme de Sciamma, possui um gatilho psicológico, tal qual um amadurecimento não consciente. É o que acontece com a menina de oito anos Nelly, logo após a morte de sua avó.

Nelly percebe que sua mãe Marion está muito triste pela perda, e o filme revela esse sentimento na cena dentro do carro, após o velório. A menina tenta agradar a mãe, dando-lhe salgadinho e suco, e, por fim, um acalentador abraço. Junto com o pai, chegam à casa da avó no interior, que precisam esvaziar. Mas, Marion se abala ainda mais ao mexer nos pertences da sua mãe, e se afasta por uns dias.

Nelly no comando da fantasia

Então, enquanto o pai ajeita as coisas na casa, Nelly passa o dia brincando no bosque. E, conhece uma menina de sua idade, Marion. Sem explorar a oportunidade de uma revelação bombástica, Céline Sciamma deixa fluir naturalmente a cena em que Nelly conta que é a filha de Marion. Na verdade, seria até mais impactante se Marion revelasse ser a mãe. Porém, quem comanda essa fantasia é Nelly. Inconscientemente, Nelly imagina se aproximar da mãe para ajudá-la a superar a tristeza pela morte da mãe dela. Por isso, quando ela reencontra a mãe adulta na conclusão, a chama de Marion, colocando-se ao seu lado, para apoiá-la como um par e não como uma criança.

Desta vez, Sciamma conta com uma contagem regressiva que cria uma certa ansiedade pelo desfecho da história. Em Retrato de uma Jovem em Chamas, o quadro que Marianne pintava representava esse relógio, pois quando o terminasse, ela teria que partir. Aqui, o limitador toma a forma da cirurgia pela qual Marion se submeterá dali a alguns dias. Porém, a diretora trabalha esse elemento como um propulsor de tensão mais brando, já que não há um conflito a ser resolvido. De fato, nesse ponto reside a fraqueza deste filme, pois tudo soa brando demais.

Para apreciar Pequena Mamãe, o espectador precisa despertar sua ternura interna para a convivência das crianças Nelly e Marion. Com a mesma idade, mãe e filha compartilham as mesmas brincadeiras infantis, um desejo que toda criança tem dentro de si, e que alguns adultos tentam satisfazer, mas não conseguem, simplesmente porque já são adultos. Sem esse gatilho, o filme não funciona. Por isso, pode desapontar os novos fãs da diretora, que embarcaram mais facilmente no romance proibido entre Marianne e Héloïse no século 18.

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Ficha técnica:

Pequena Mamãe | Petite Maman | 2021 | França | 72 min | Direção e roteiro: Céline Sciamma | Elenco: Joséphine Sanz, Gabrielle Sanz, Nina Meurisse, Stéphane Varupenne, Margot Abascal, Florès Cardo.

Distribuição: Diamond / Galeria.

Trailer:
Onde assistir "Pequena Mamãe":
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