“Pets: A Vida Secreta dos Bichos” acerta na dose de comédia e sentimentalismo
No cinema, a animação da Illumination, responsável por “Meu Malvado Favorito”, abre com um curta dos Minions. Eles saem em ritmo frenético, e desastrado, atrás de um serviço cortando grama para comprarem um liquidificador. É esse tom de comédia escrachada que permanece no longa “Pets: A Vida Secreta dos Bichos”.
Max é um pequeno cão de estimação que recebe visitas de outros bichos vizinhos em seu apartamento em Nova York. Eles chegam voando, ou entrando pelo tubo de ventilação ou pela janela, através da escada de incêndio. Um dia, sua dona o surpreende apresentando-o a um novo companheiro, o grandalhão cachorro Duke. De cara, rejeita o intruso, que por sua vez se mostra bem agressivo. Eventualmente, quando um passeador de cachorros os leva para o Central Park, eles se perdem enquanto brigam.
Max e Duke conhecem então a turma do bueiro, um grupo de animais rejeitados por seus donos que vive nos esgotos. Ao matarem, sem querer, uma cobra endeusada pelos bichos, eles precisam fugir dessa turma que deseja vingança. Assim, começa a movimentada aventura que mudará o relacionamento dos dois novos companheiros de apartamento.
Ação forçada
A ação virou ingrediente obrigatório das animações, mesmo em caso de personagens já estabelecidos com características nada aventureiras, como o filme “Garfileld”, de 2004. Uma boa exceção a esse costume foi “Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme”, do ano passado, onde a estória se encaixava com o cotidiano da turma. Porém, “Pets” não foge à regra. Apesar de que se mantém com, pelo menos, um pé no chão ao criar a aventura dos cães, centrando-se em uma perseguição entre bicho pela cidade. Dessa forma, não exagera tanto quanto as mutações de “Zootopia”.
Há muitas citações a outros filmes em “Pets”. Por exemplo, a cena de “Embalos de Sábado à Noite”, a música de “Grease”, o Hannibal de “O Silêncio dos Inocentes” e até o pôster de “Os Pássaros”. Mas, a mais original faz parte de uma jogada esperta de marketing. Em outras palavras, o pôster de “Sing: Quem Canta Seus Males Espanta”, um outro desenho da mesma produtora que aborda programas televisivos de competições musicais, a ser lançado ainda este ano.
Essencialmente, o tema central do filme é a amizade. Primeiro, entre amigos, de Max com os bichos de estimação da vizinhança. Depois, o relacionamento um a um, com Duke, que começa estremecida e vai se desenvolvendo com o tempo. E, enfim, a que “Pets” melhor retrata, entre os bichos e seus donos, permitindo ao espectador, como um voyeur de “Janela Indiscreta”, espiar essa relação em vários apartamentos da cidade, trazendo os momentos mais engraçados e sensíveis do filme. Além disso, essas cenas abrem e encerram “Pets”, como se abrissem esse universo secreto por um breve momento, para que a plateia o vivencie.
Há uma sequência do filme já em produção. Uma pena, porque os personagens se enquadrariam melhor em uma série de animações curtas para televisão. Ou seja, focando no humor e na sensibilidade desse relacionamento com os donos e entre eles, sem necessidade de envolvê-los em uma aventura grandiosa.
Ficha técnica:
Pets: A Vida Secreta dos Bichos (The Secret Life of Pets, 2016) 87 min. Dir: Yarrow Cheney, Chris Renaud. Rot: Cinco Paul & Ken Daurio e Brian Lynch. Com Louis C.K., Eric Stonestreet, Kevin Hart, Jenny Slate, Elle Kemper, Albert Brooks, Lake Bell, Dana Darvey, Hannibal Buress.