O remake de Tim Burton para o filme “O Planeta dos Macacos” (Planet of the Apes, 1968) não agradou. Mas, o mesmo não se pode dizer de “Planeta dos Macacos: A Origem” (Rise of the Planet of the Apes, 2011), que foi tão bem nas bilheterias que permitiu o sinal verde para que se completasse uma trilogia. Assim, este “Planeta dos Macacos: O Confronto” é a segunda parte e a terceira chegará aos cinemas em 14 de julho de 2017.
O maior mérito desse êxito repousa na história criada pelo casal de roteiristas Rick Jaffa e Amanda Silver, que tomaram o livro de Pierre Boulle apenas como inspiração. O personagem Caesar permanece na trama, mas a origem contada no filme de 2011 difere muito do original. Nesta continuação, o grupo de macacos evoluídos entra em choque com a pequena população de sobreviventes humanos em San Francisco. A princípio, pela necessidade destes de invadir o território símio para tentar reativar uma hidrelétrica e suprir a energia que necessitam.
Macacos em evolução
Para explicar ou mesmo relembrar ao público os fatos que resultaram nessa situação apocalíptica, o filme recorre inteligentemente a uma rápida montagem com noticiários televisivos. E, para acrescentar inquietude no espectador, a primeira imagem atual é um close-up extremo dos olhos de um chimpanzé com aparência ameaçadora. Rapidamente, percebemos que os macacos se tornaram carnívoros, moram em casas rústicas construídas em árvores formando uma vila, e se comunicam primordialmente através de sinais. A primeira palavra que eles falarão será uma surpresa para os humanos, e uma novidade para o espectador.
O grupo de pessoas que quer consertar a hidrelétrica é pacífico. Exceto por um dos membros, cujo desgosto pelos macacos instigará desconfiança em Caesar, o líder dos símios que acredita na convivência pacífica entre as duas raças. Do lado dos macacos, porém, Koba sente ódio dos humanos porque foi usado como cobaia em experiências científicas. Por isso, ele levará a termo um plano que produzirá o confronto do título.
Guerra sem sentido
A fim de caracterizar a guerra como sendo sem sentido, o diretor Matt Reeves se deixa influenciar por “Ran” de Akira Kurosawa. A batalha possui trilha sonora orquestrada e os sons diegéticos das lutas começam bem baixos e vão subindo aos poucos. Em meio à ação, é como o diretor nos convidasse a refletir sobre a insensatez dessa violência. O filme também incita a ponderação a respeito do preconceito racial. Afinal, tanto Koba como o engenheiro humano rejeitam a outra raça ignorando que cada ser tem sua individualidade.
Além de valorizar essa mensagem pacifista e igualitária, “Planeta dos Macacos: O Confronto” possui uma narrativa fluente, onde um conflito leva a outro sem pausas que afetem essa cadência. Conflitos paralelos, como as atividades de Koba e o desenrolar na cidade humana, contribuem em manter a expectativa em alta.
Além disso, seria injusto não destacar a formidável construção visual dos macacos na tela, dando-lhes autenticidade perfeita de expressões e movimentos. Um dos trunfos da capacidade que os personagens possuem de conquistar o público está na individualização física dos personagens símios, que possuem características próprias que os diferenciam um dos outros. Por exemplo, o filho de Caesar ganha uma grande cicatriz no início do filme, o que facilita reconhece-lo durante o restante da estória.
Dessa forma, os roteiristas Mark Bomback, Rick Jaffa e Amanda Silver revitalizaram a estória criada nos anos 60. E o diretor Matt Reeves levou a trama para as telas com fluência. Por fim, a produção de efeitos visuais e especiais aperfeiçoou o que já parecia incrível no primeiro filme da trilogia. Com isso, “Planeta dos Macacos: O Confronto” superou todas as expectativas e o público aguarda ansioso pela conclusão da saga, que terá o subtítulo “A Guerra”.
___________________________________________
Ficha técnica:
Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes, 2014) 130 min. Dir: Matt Reeves. Rot: Mark Bomback, Rick Jaffa & Amanda Silver. Com Andy Serkis, Jason Clarke, Gary Oldman, Keri Russell, Toby Kebbell, Kodi Smit-McPhee, Kirk Acevedo, Nick Thurston, Terry Notary, Karin Konoval, Judy Greer, Jon Eyes, Enrique Murciano.
Assista: entrevista com Matt Reeves sobre “Planeta dos Macacos: O Confronto”
