O inteligente final de Premonição 5 (2011), amarrando sua trama com a do primeiro filme, parecia intencionalmente jogar uma pá de cal na franquia. Mas, 14 anos depois, surge Premonição 6: Laços de Sangue, disposto a dar uma sobrevida ao material. Isso implica, porém, em algumas liberdades.
O filme anterior já quebrara a progressão temporal da trama. Até então, cada filme seguinte acontecia após os eventos do anterior, padrão que o quinto e este sexto filmes quebram. O novo Premonição começa muito tempo antes, nos anos 1950. Iris Campbell (Brec Bassinger) e seu namorado comparecem à inauguração do Sky View, uma torre altíssima com um restaurante no topo. A construção é fictícia, mas lembra muito o famoso Space Needle de Seattle.
Alguns elementos comuns à franquia aparecem. Por exemplo, as canções que tocam dentro da cena sempre possuem alguma referência à morte, a protagonista fura o dedo no espinho de uma rosa etc. Sinais de falhas que podem causar acidentes surgem por todo o lado – inclusive o chão de vidro da pista de dança que começa a trincar.
Logo chega o momento em que Iris vê todo o trágico acidente prestes a acontecer. É um desastre de enormes proporções, como foi no primeiro, no segundo e no quinto filmes da franquia. Desta veza, a torre se desmantela de forma exagerada, parece até que foi feito de farinha. Chega o instante esperado em que a protagonista também morre e quem acompanha essa série de filmes sabe que esse ponto conecta com o despertar dela de sua premonição. Desta vez, isso muda, e quem acorda é uma outra moça, Stefani Reyes (Kaitlyn Santa Juana), que vive nos dias de hoje.
Os laços de sangue
Aos poucos, o filme explica a conexão entre essas duas personagens. Sem entregar demais a trama, elas são parentes de sangue, e a maldição da morte está sendo transferida para os familiares. Desse grupo, contudo, não surgem personagens interessantes. Mas, esta variação em relação aos outros filmes anteriores pelo menos possui uma explicação convincente e que aguça a curiosidade do público. Porém, há pelo menos duas regras que este enredo quebra que deturpam o material original: são duas pessoas que têm a premonição e uma das vítimas não estava na lista original.
Em relação às mortes em si (ou tentativas da morte), duas se destacam pela originalidade. A primeira acontece no salão de tatuagem, e a outra numa sala de ressonância magnética. As demais ocorrem quase que instantaneamente, sem gerar suspense – ou simplesmente não são ideias boas. A trama, em certo momento, arranja uma revelação surpresa muito forçada, que parece drama de novela. A ideia de um bunker seguro também não convence – como o próprio filme comprova na parte final.
O que Premonição 6: Laços de Sangue traz de positivamente inovador é mostrar, nos primeiros momentos do filme, premonições de acidentes mortais (o trem e o carro vermelho) que acontecerão no epílogo da trama. A visão é da protagonista, mas funciona também para colocar o espectador na posição dela, como se fosse ele a ter a visão premonitória.
É a última participação do ator Tony Todd na franquia. Ele, conhecido por interpretar o papel título de O Mistério de Candyman (1992), viria a falecer m 6 de novembro de 2024, recebendo uma menção póstuma antes dos créditos finais do filme.
Enfim, no ranking da franquia, Premonição 6 consegue ficar um pouco à frente do filme anterior, alcançando a terceira posição na lista.
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Ficha técnica:
Premonição 6: Laços de Sangue | Final Destination: Bloodlines | 2025 | 100 min. | Direção: Zach Lipovsky, Adam B. Stein | Roteiro: Guy Busick, Lori Evans Taylor | Elenco: Kaitlyn Santa Juana, Teo Briones, Richard Harmon, Owen Patrick Joyner, Anna Lore, Rya Kihlstedt, Brec Bassinger, Tony Todd.
Distribuição: Warner Bros. Pictures