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Poster de "Priscilla, a Rainha do Deserto"
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Priscilla, a Rainha do Deserto

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

Um filme não consegue mudar o mundo. Mas possui o poder de influenciar as pessoas. E, olhando para trás, Priscilla, a Rainha do Deserto certamente foi uma das sementes que brotaram na consciência coletiva e permitiram que hoje, 30 anos depois, a comunidade LGBTQIA+ possa se expor sem receber uma agressão em troca. Embora o preconceito ainda exista, o cenário já progrediu bastante. Um importante indicador dessa mudança é o medo que um dos protagonistas tinha da reação do seu filho quando descobrisse que o pai é uma drag queen. Exceção na época, o menino encara numa boa; e as crianças de agora possuem essa mesma reação – a exceção é o preconceito.

O filme agrada a todo tipo de público porque transmite sua mensagem sem levantar a bandeira ostensivamente. O segredo está na humanização dos protagonistas, que não são apenas drag queens, são pessoas. E o que embala o enredo é o bom humor, embora a realidade dramática também marque presença.

O envolvimento começa logo nos créditos de abertura, enquanto Mitzi (Hugo Weaving) está no palco dublando “I’ve Never Been to Me” (cantada por Charlene). Parece que agrada, mas os frequentadores do bar se mostram hostis quando a canção termina. A lata de cerveja que acerta a cabeça de Mitzi dói também no espectador, que já torce por ela, antes mesmo de conhecê-la direito. Desiludida, Mitzi resolve dar um tempo daquele ambiente.

Assim, embarca numa viagem de quatro semanas para uma temporada de apresentações em um hotel. Junto com ele, vai uma jovem colega, Felicia (Guy Pearce), e uma velha amiga, Bernadette (Terence Stamp). A Priscilla do título tem papel fundamental nesse road movie:  é o ônibus antigo que elas compram para transportá-las.

Entre tapas e beijos

A estrada que atravessa o deserto australiano parece interminável. E elas passam o tempo com provocações entre si, com as principais rusgas surgindo entre Felicia e Bernadette, que acabam de se conhecer. Mas, entre as brincadeiras entre si, enfrentam a hostilidade da maioria das pessoas que encontram pelo caminho.

Como Bernadette e Mitzi já são calejadas, não temem entrar num bar da primeira cidadezinha onde param. Apesar dos olhares tortos no início, conquistam o respeito num duelo de bebidas entre Bernadette e a valentona do local. Porém, o filme não pretende ser ingênuo, e o ônibus amanhece pichado com uma frase preconceituosa.

Nem todo mundo recebe com agressividade as protagonistas. Uma turma de povo originário as convida para uma festa e elas até apresentam um número, com recepção calorosa. Além disso, o mecânico Bob (Bill Hunter) se junta à trupe, suspeitamente interessado por Bernadette. Porém, o mundo fora do subúrbio onde costumavam se apresentar é perigoso para elas, como comprova a inocente Felicia, no momento mais triste do filme.

Um musical

Priscilla, a Rainha do Deserto possui vários trechos musicais. Em seu segundo longa, o diretor Stephan Elliott vai além da simples filmagem de apresentações das drag queens. Por exemplo, os momentos especiais dublando canções dentro do ônibus e, por duas vezes, nas icônicas cenas no teto dele, ao som de uma ópera e segurando um longo tecido esvoaçante. Entre os números musicais, destaca-se “Finally” (cantada por Cece Peniston), construída com uma montagem com diferentes caracterizações e cenários. Mais do que visualmente bonito, esse recurso significa que o trio fez vários shows no hotel.

Por fim, a mensagem contra o preconceito está na poética cena pós-créditos. A pipa que as protagonistas empinavam no deserto vai parar na China, onde a recolhem. Assim, dá a entender que o filme tem a intenção de espalhar o seu louvor pelo mundo. O filme teve enorme sucesso, virou cult e, assim, cumpriu sua missão.

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Ficha técnica:

Priscilla, a Rainha do Deserto | The Adventures of Priscilla, Queen of the Desert | 1994 | 104 min | Austrália | Direção: Stephan Elliott | Roteiro: Stephan Elliott | Elenco: Hugo Weaving, Guy Pearce, Terence Stamp, June Marie Bennett, Bill Hunter.

Assista ao trailer aqui.

Onde assistir:
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