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Propriedade (poster do filme)
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Propriedade

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

O filme Propriedade, segundo longa do diretor e roteirista Daniel Bandeira, trilha um caminho desbravado por seu conterrâneo Kleber Mendonça Filho. Tendo a política como fundo temático, escancara a maldade do ser humano, principalmente quando age como um coletivo, mas também como individual. Constrói, assim, um cenário que permite descambar para o terror – que não é sobrenatural, mas originário da psicologia de personagens perturbados.

A trama aparenta ser simplista, mas é apenas impressão. Parece que vai trabalhar o conflito entre classes sociais, quando apresenta o marido materialista, todo entusiasmado por causa do carrão blindado que acaba de comprar. Uma figurinha detestável, que está vendendo a fazenda da família e leva a esposa Tereza, a contragosto, para a última visita ao local. Logo o filme revela que a venda deixará os empregados da fazenda sem nada. Num esquema picareta, ele nunca registrou os trabalhadores, que ainda estão endividados pelas compras que fazem na loja local. Provavelmente, o estabelecimento comercial pertence ou está associado ao fazendeiro, apesar de o roteiro não mencionar isso.

Mas essa situação não se deixa levar para o simplismo maniqueísta. Enquanto desenvolve esse cenário, num flashback, a violência impensada rompe a possível imagem de honestidade e bondade dos empregados. O fazendeiro fica gravemente ferido, e Tereza se tranca dentro do luxuoso veículo novo, que ela não consegue ligar porque não sabe o comando de voz para destravá-lo. Então, se configura na tela a metáfora da elite em sua bolha, protegida do coletivo que pretende alcançá-la. No filme, os dois lados antagônicos são ao mesmo tempo vilões e vítimas.

A selvagem luta de classes

Propriedade não teme desagradar essas duas posições opostas. Os trabalhadores mais violentos se parecem com animais – um não fala, o outro solta ruídos como um porco do mato. Talvez por isso o filme traga um rápido plano de um animal morto na grama, e um boi com a cabeça decepada ao fundo. Além disso, Tereza atrai uma das jovens empregadas com um vestido que mostra pela janela, explorando também um instinto animal, como acontece com iscas dadas a cobaias. Tereza, de fato, também é muito cruel – por exemplo, ao ignorar os apelos para abrir a porta que prendeu a mão de um menino.

A sucessão de eventos violentos, com crueldade crescente, tona o filme imprevisível. Até onde os realizadores estão dispostos a ir? Não há brechas para a bondade, aqui os humanos são equiparados mesmo a seres irracionais. Agem como animais quando lutam pela sobrevivência. A chegada dos novos donos, na cena final, mostra que de nada adiantou essa lambança toda. Não há vencedores nessa selvagem luta de classes.

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Ficha técnica:

Propriedade | 2022 | Brasil | 100 min | Direção e roteiro: Daniel Bandeira | Elenco: Malu Galli, Zuleika Ferreira, Tavinho Teixeira, Sandro Guerra, Roberta Lúcia, Amara Rita Magalhães, Marcílio Moraes, Nivaldo Nascimento, Clebia Sousa, Marília Souto, Chris Veras, Carlos Amorim, Anderson Cleber, Aruandhê Pereira, Andala Quituche, Natureza Rodrigues, Maria José Sales, Ângelo Fàbio, Ane Oliva, Samuel Santos, Edilson Silva, Erick Silva.

Distribuição: Vitrine Filmes.

O thriller social Propriedade chega aos cinemas em 21 de dezembro pela Sessão Vitrine Petrobras.

Assista ao trailer aqui.

Propriedade (filme)
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