Quando Chega o Outono

Poster de "Quando Chega o Outono"

Título original: Quand vient l’automne

Ano de lançamento: 2024

Data de estreia no Brasil: n/d

Direção: François Ozon

Mais informações na ficha técnica abaixo do texto

Avaliação: 6/10

Em seu novo filme, Quando Chega o Outono, o diretor François Ozon esconde mais as suas intenções do que as da protagonista Michelle (Hélène Vincent). A premissa pediria um suspense, mas Ozon opta por levá-la para o drama e para o humor sombrio. Mas, sem enfatizar nenhum desses gêneros, e sem provocar emoções, o resultado é um filme morno que parece não levar a lugar nenhum.  

O enredo evita revelações bombásticas. Prefere entregar gradativamente que a senhora idosa que tem uma filha que não perdoa o seu passado não é nenhuma coitadinha inocente. Detalhes como a enciclopédia de cogumelos que Michelle consulta antes de preparar o almoço para a filha Valérie (Ludivine Sagnier) logo indicam que ela planeja tudo o que acontece na trama. Não se trata de nenhum esquema mirabolante, portanto, facilmente o espectador saca o que aconteceu e o que está por vir. O que é um problema, porque Ozon joga fora as oportunidades de surpreender o público.  

O diretor troca esses elementos que renderiam um belo thriller por uma comédia sutilmente sombria sobre crimes cometidos por pessoas acima de qualquer suspeita. Lembra o recente Misericórdia (2024), do também francês Alain Guiraudie, inclusive por conta da floresta com cogumelos. O filme de Guiraudie, porém, é superior por encontrar o tom certo dessa comédia que provoca o espectador, enquanto Ozon cai na mensagem doutrinadora bíblica de não julgar o próximo. 

Maria Madalena 

Essa pregação aparece primeiro no início do filme, quando Michelle assiste a uma missa e ouve o sermão do padre sobre Maria Madalena. O tema está estreitamente ligado ao passado dela e de sua melhor amiga Marie-Claude (Josiane Balasko), bem como ao filho desta, Vincent (Pierre Lottin), condenado à prisão por cometer algum crime que o enredo nunca revela qual foi. Acima de tudo, é a postura julgadora de Valerie em relação a sua mãe que provoca o desequilíbrio das relações no filme. Por fim, o mesmo padre, perto da conclusão, volta a pregar sobre julgamentos num funeral. No fundo, essa mensagem parece ser a intenção principal de Ozon, porque o filme se encerra com a filha acolhendo a mãe, apesar dos crimes dela, repetindo, assim, a relação entre Maria Madalena e Jesus Cristo. 

Portanto, ao priorizar essa mensagem, Ozon parece abdicar da emoção imediata que o enredo poderia gerar. Entregando as revelações aos poucos, desprovidas do efeito surpresa, o diretor convida o espectador a evitar um posicionamento julgador. É como se quisesse que o segredo não gere um pensamento exclamativo (“Caramba, ela fez isso!”), e sim um afirmativo (“Ela fez isso.”). Em suma, o amoral no lugar do imoral. 

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Ficha técnica: 

Quando Chega o Outono | Quand vient l’automne | 2024 | 102 min. | França | Direção: François Ozon | Roteiro: François Ozon, Philippe Piazzo | Elenco: Hélène Vincent, Josiane Balasko, Ludivine Sagnier, Pierre Lottin, Garlan Erlos, Sophie Guillemin, Malik Zidi, Paul Beaurepaire. 

Distribuição: Pandora Filmes. 

O filme estreia nos cinemas no dia 27 de março de 2025. 

Trailer: 

Onde assistir:
Hélène Vincent e Garlan Erlos em "Quando Chega o Outono"
Hélène Vincent e Garlan Erlos em "Quando Chega o Outono"

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