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Querida Léa (filme)
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Querida Léa

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

O cineasta francês Jérôme Bonnell sempre assume o roteiro e a direção de seus filmes. Em Querida Léa (Chère Léa), seu sétimo longa, as duas funções se completam com precisão. E, assim precisa ser, pois é um drama existencial enxuto, concentrado em apenas um dia.

Um dia nada ordinário

Antes mesmo do despertar, o dia já revela que será incomum para Jonas (Grégory Montel, da série Dix Pour Cent). Talvez o estresse no trabalho esteja bloqueando o seu bom senso. Enfim, não importa o motivo, mas ele resolve aparecer sem aviso no apartamento de Léa (Anaïs Demoustier), com quem rompeu o namoro, mas não a paixão. O encontro é tumultuado e, no fim, não se reconciliam. Surge, então, o artifício que conduz a narrativa até a conclusão, ou seja, a carta de amor que Jonas quer escrever para Léa. O roteiro enfatiza a importância dessa carta, demonstrando o esmero do protagonista para escrevê-la, e o cuidado até em comprar o papel ideal que registrará suas palavras. Aliás, é interessante como esse conteúdo evolui de uma simples mensagem via celular para uma carta de 15 páginas.

Mas a carta nada mais representa do que um MacGuffin; ela é essencial para a trama, para os personagens, mas o espectador nunca conhecerá o seu conteúdo, pois isso não é relevante, por mais que dentro do filme muitos comentem sobre ele. A carta tem a função de manter a coesão da narrativa. Assim, é ela que faz Jonas se sentar no bistrô em frente ao prédio onde Léa mora, para escrevê-la. E uma das questões que surgem é se ele deve ou não entregar o que escreveu para sua destinatária. Logo, Mathieu (Grégory Gadebois), o dono do bistrô, se torna seu confidente. Várias ações se sucedem ao longo do dia, e constituem elementos que servem de argumentos para as conjecturas do protagonista em relação à sua vida.

Questões existenciais

Entregar ou não a carta passa por uma questão universal: o amor vale a pena? O desânimo de Jonas acarreta num negativismo forte, o que o leva a concluir erradamente que a namorada de Mathieu o trai. Da mesma forma, isso o faz julgar o parceiro de negócio desaparecido, que ele pensa ser um vigarista. Por outro lado, ele identifica o amor que ainda existe em sua ex-esposa, e mais ainda, no seu sentimento em relação ao filho deles. Os eventos do dia continuarão a questionar Jonas, entre erros e acertos. Nesse sentido, sua intervenção salva uma vida, o que lhe ajuda a enxergar o que é realmente essencial.

A conclusão permite que o espectador acompanhe o protagonista em suas revelações finais. Ele descobre que estava errado em relação à namorada de Mathieu, bem como em relação ao parceiro de negócios. Com isso, percebe que precisa olhar para outras possibilidades – e é assim que o filme se encerra, com o abandono da carta e as portas abertas para um novo relacionamento.

Poucas vezes o cinema abordou questões existenciais com tamanha fluidez como em Querida Léa. Sem perceber, mergulhamos em temas profundos, junto com os dramas do personagem principal. E, ao final, descobrimos que as soluções estão próximas, porém enuviadas pela nossa negatividade.

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Ficha técnica:

Querida Léa | Chère Léa | 2021 | 1h30 | França | Direção e roteiro: Jérôme Bonnell | Elenco: Grégory Montel, Grégory Gadebois, Anaïs Demoustier, Léa Drucker, Nadège Beausson-Diagne, Pablo Pauly.

Distribuição: Elite Filmes.

Obs: o filme está na seleção do Festival Varilux de Cinema Francês 2022.

Onde assistir:
Querida Léa (filme)
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