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Rodantes (filme)
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Rodantes

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

No Brasil de Rodantes, a esperança que alimenta o árduo deslocamento se despedaça e vira pó.

Três protagonistas se movem em busca de uma vida nova. O imigrante haitiano Henry vai trabalhar no garimpo, com sua mulher e dois filhos pequenos. A prostituta Tatiane passa dias num ônibus porque quer chegar a Candeias, perto de Porto Velho (RO), onde vive sua avó. E o jovem garoto Odair quer sair da casa dos pais pescadores para assumir livremente sua homossexualidade. No trajeto, os três enfrentam muitos sofrimentos, até o desfecho os unir, ainda sem soluções fáceis. Afinal, estamos em Rondônia, e não em Hollywood.

Apesar dessa linha central que conduz a narrativa paralela desses três personagens, o filme não tem a continuidade de uma reta. A todo instante, fragmentos recorrentes interrompem o enredo, sem esclarecer se são flashbacks, alucinações, sonhos ou imagens simbólicas. O incêndio, por exemplo, não está ligado diretamente a nenhum dos protagonistas, apenas tenuemente conectados com o ritual indígena que Odair testemunha na floresta, e com o ataque ao garimpo que vitimou a mulher de Henry. Da mesma forma, não sabemos se as cenas da prostituta Tatiane na casa de sua avó são lembranças ou projeções do que ela deseja.

Esperanças minadas

Os percalços minam as esperanças dos três. De Henry, pela morte da esposa. De Odair, porque é espancado por um motorista de caminhão com transtorno bipolar. Por fim de Tatiane por estar doente. Assim, o relato fragmentado de Rodantes se adequa ao desnorteamento desses personagens, que sabem o que buscam no destino final, mas penam para manter o rumo durante o trajeto.

O caso de Tatiane é o mais emblemático. Ela passa por várias vivências, que se confundem no tempo e espaço, no real e no imaginário. Quando Tatiane está boiando na água, ensanguentada, entendemos que seja uma metáfora de sua doença. Mas, e a cena em ela caminha por ruas de terra de uma vila e várias pessoas baleadas estão deitadas no chão?

Em consonância com essa narrativa enigmática, o final do filme é parcialmente aberto. Talvez não para Henry, que se arrepende de ter deixado seus filhos e tenta voltar, mas um acidente o impede. Diogo reencontra o seu agressor e o detalhe do passo à frente parece indicar que ele tentará se vingar. Já Tatiane, que se mostrou forte durante a todo o filme, mantém essa postura e resolve atravessar o rio a nado. Porém, a água turva do rio que inunda a tela revela que ela jamais chegará à casa da avó.

Enfim, Rodantes, se compõe dessas vidas dilaceradas pelas duras condições em que se inserem. Pessoas que tentam sobreviver, mas que, contraditoriamente, estão sem rumo no Norte do Brasil.   


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