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Poster do filme "Rustin"
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Rustin

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

O filme Rustin, sem intenção, desmente a piada presente em O Melhor Está Por Vir (Il sol dell’avvenire, 2023), de Nanni Moretti. Nela, executivos da Netflix repetem várias vezes que a empresa está presente em 190 países. Dessa forma, tentam explicar que, para atingir públicos de diferentes culturas, suas produções precisavam ter características internacionais.

Provavelmente, porque a Netflix não é a produtora (que é a Higher Ground), apenas a distribuidora de Rustin, este filme não se enquadra nesses parâmetros. Embora seu tema seja universal, a defesa dos direitos civis, seu personagem principal é o protagonista de um evento que marcou a história dos Estados Unidos, mas que poucos cidadãos de outros países conhecem profundamente – e muitos deles só por causa do filme Forrest Gump (1994). O longa, aliás, tem grande importância na cultura norte-americana, onde o racismo continua forte, mesmo que escondido debaixo de máscaras sociais. Além disso, a produção visa resgatar a importância de Bayard Rustin. Ele é o articulador da Marcha sobre Washington de 1963, que reuniu 250 mil pessoas numa manifestação contra a segregação racial.

Interpretado por Colman Domingo (o marido abusivo de A Cor Púrpura [The Color Purple, 2023]), indicado ao Oscar por esse papel, Rustin é um personagem forte também por seu homossexualismo. Isso foi até usado contra ele por opositores políticos que o chamaram de pervertido. A escalada da sua influência como ativista passou por vários políticos, apresentados numa montagem com vários telefonemas sucessivos. Seus nomes aparecem na tela, mas poucos espectadores fora dos EUA os conhecem. O único nome de fama internacional é o de Martin Luther King, que era amigo e aliado de Rustin, depois se desentenderam para, por fim, se reconciliarem no esforço de concretizar a manifestação.

Ativista  

Os dois aspectos da persona de Rustin, o ativismo político e o homossexualismo, movem a narrativa. Ganham pesos similares no filme – acompanha até um caso com um rapaz religioso e casado – apesar de a importância histórica de Rustin ser a organização da marcha, em outras palavras, seu ativismo contra o racismo, e não contra a homofobia. Mas, como acontece nas produções da Netflix, as escolhas consideram sempre o que mais agrada ao público.

O diretor George C. Wolfe é competente. Este representa o seu sexto filme, tendo feito antes, entre outros, Noites de Tormenta (Nights in Rodanthe, 2008) e A Voz Suprema do Blues (Ma Rainey’s Black Bottom, 2020), que também contava com Colman Domingo, Glynn Turman e Michael Potts no elenco. Em Rustin, podemos destacar os dois flashbacks em preto e branco, que são os momentos mais dramáticos do enredo, pois mostram o protagonista sofrendo agressões da polícia por ser negro.

Rustin, enfim, é uma cinebiografia correta, mas sem as ousadias do retratado. E direcionada ao público norte-americano.

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Ficha técnica de “Rustin”:

Rustin | 2023 | 106 min | EUA | Direção: George C. Wolfe | Roteiro: Julian  Breece, Dustin Lance Black | Elenco: Colman Domingo, Chris Rock, Glynn Turman, Aml Ameen, Gus Halper, CCH Pounder, Da’Vine Joy Randolph, Johnny Ramey, Michael Potts, Jeffrey Wright, Audra McDonald.

Distribuição: Netflix.

Onde assistir:
Dois homens negros vestidos de terno e gravata estão abraçados olhando para algo na rua.
Cena do filme "Rustin"
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