O filme Sergio, apesar de ser uma produção estadunidense, possui um forte apelo ao público brasileiro. Afinal, se trata de uma cinebiografia de uma das figuras mais respeitadas do país nas últimas décadas: o diplomata da Nações Unidas Sergio Vieira de Mello.
O desafio para os realizadores é tornar interessante um filme sobre um diplomata. Greg Barker, que até então só dirigira documentários, foge de sua expertise em Sergio, focando boa parte da trama na vida pessoal do protagonista, especialmente no relacionamento com Carolina Larriera, a mulher por quem ele se apaixonou quando cumpria mandato no Timor Leste.
Greg Barker acertou em distribuir por toda duração do filme a agonia de Sergio enquanto sofria parcialmente soterrado nos escombros da sede das Nações Unidas em Bagdá, logo após ela ser explodida pelo Al-Qaeda. Esse incidente permite também a inserção natural dos flashbacks da vida de Sergio, que percorre rapidamente sua atuação no Camboja e, durante a maior parte do filme, sua missão no Timor Leste.
O romance de Sergio com Carolina ganha bastante destaque, e é essencial para humanizar o protagonista. Muito dedicado ao seu trabalho, Sergio sempre deixou sua vida pessoal em segundo plano. A presença da nova namorada provoca uma sensibilização maior nesse sentido. Além disso, os atores Wagner Moura e Ana de Armas demonstram muita química no papel desse casal, fortalecendo o apelo emocional da estória.
Por outro lado, o filme Sergio revela pouco do talento do diplomata. Com exceção da esperta conversa que ele tem com o presidente da Indonésia e da coragem em não ceder às imposições dos EUA, faltou incluir outras demonstrações de seu diferencial. Nesse sentido, o longa-metragem parece contido demais, com medo de caracterizar que o protagonista era uma pessoa especial.
Charmoso, carismático e habilidoso, Sergio Vieira de Mello merecia um retrato com maior potencial para inspirar outras pessoas a seguirem seu exemplo. Como mostra o início encenado do filme, e o final, com cenas reais.
