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Shalako (filme)
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Shalako

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

“Shalako” aposta no prestígio internacional da estrela francesa Brigitte Bardot, inserindo-a em um ambiente exótico, o faroeste, novidade que provavelmente instigava a fantasia de seus fãs. Contudo, o apelo sensual de BB não conseguiria se igualar ao que o cinema francês já explorara até então, dado o conservadorismo do povo norte-americano, público alvo dessa produção realizada por Edward Dmytryk, prolífico diretor de grandes estúdios.

A canção tema que abre os créditos envelhece o filme, remetendo-o a produções de uma década anterior. É uma daquelas músicas cantadas por coro masculino, compostas por encomenda e que contam um pouco da estória, e entoam o seu título no refrão. Apesar disso, “Shalako” começa com uma bela sequência de caça esportiva a um leão da montanha na paisagem desértica do oeste dos EUA (na verdade filmada em terras espanholas).

A mulher emancipada no faroeste

Antes disso, acompanhamos Shalako (Sean Connery) cavalgando pelo deserto cuja vastidão é explorada pelo formato scope de tela. Sucedem-se cortes gradativamente mais rápidos, até um deles enquadrar o rifle que consegue matar o leão. Dentre aqueles burgueses caçando por esporte, cabe a uma das mulheres do grupo, Irina (Brigitte Bardot), acertar o animal. O roteiro explora a imagem da mulher europeia emancipada, que sabe atirar com um rifle, e não aceita um casamento arranjado com o nobre que viaja com eles. Mais tarde, ainda praticará sexo sem compromisso com Shalako. Enquanto isso, as outras duas mulheres do grupo querem trair seus maridos e são interesseiras. O velho oeste de “Shalako” não se apresenta como a tradicional terra dos homens.

Irina parte com um dos caçadores atrás de outro animal. A câmera os deixa de lado e passa a acompanhar a cavalgada de Shalako. A elipse na estória o permite observar de longe o ataque dos índios aos dois caçadores. Então, um zoom detalha um deles já moribundo. Shalako parte atrás do resgate de Irina, e consegue salvá-la prometendo aos apaches que todos os invasores sairão do território deles. Os líderes do grupo de caçadores, um senador, um barão e um mercenário, se recusam a sair e preferem enfrentar os índios.

Suspense

Um dos belos momentos de “Shalako” é o suspense quando os índios vasculham uma estradinha de terra enquanto Shalako e o grupo se esconde. O diretor Edward Dmytryk consegue o ritmo exato e os enquadramentos dos rostos dos personagens que resultam naqueles momentos em que o cinema coloca o espectador em estado de suspensão, como se qualquer ruído pudesse atrair a atenção dos índios. Nessa sequência, interessa igualmente a reação do barão Frederick Von Hallstatt (Peter van Eyck).

Primeiro, ele quase estraga o esconderijo, porque queria matar os seis apaches que faziam a busca. Ao ser impedido por Shalako, este lhe conta que seu disparo teria atraído dezenas de outros indígenas ali perto. Porém, Frederick se revolta, resolve andar, e se depara frente a uma enorme cobra, que Shalako afasta. Dessa forma, o barão percebe que, ali naquele deserto, ele deve assumir uma posição menos arrogante, porque não é o seu habitat. Aliás, talvez seja um recado de Dmytryk à presunção dos novos cineastas europeus.

Duelo final

Por outro lado, o desfecho de Shalako dialoga com “A Fortaleza Escondida” (Kakushi-toride no san-akunin, 1958) de Akira Kurosawa, quando a luta entre os índios e os brancos é resolvida num duelo individual entre o chefe dos apaches com Shalako. Ou seja, da mesma forma que o personagem de Toshiro Mifune enfrenta o líder do clã rival, após uma jornada cheia de desafios.

Além disso, vale atentar para outro detalhe que privilegia o  cinematográfico. Nesse sentido, revela o destino de Irina somente nas imagens enquadradas de longe, que mostra Shalako abandonando o grupo e cavalgando para outro destino, e Irina decide para onde seguir.

Em suma, “Shalako” é uma grande aventura que triunfa ao trabalhar bem a imagem que a sua estrela, Brigitte Bardot, acrescenta ao filme.


Ficha técnica:

Shalako (Shalako, 1968) Grã-Bretanha/Alemanha/EUA, 113 min. Dir: Edward Dmytryk. Rot: James Griffith & Hal Hopper e Scot Finch. Com Sean Connery, Brigitte Bardot, Stephen Boyd, Jack Hawkins, Peter van Eyck, Honor Blackman, Woody Strode, Eric Sykes, Alexander Knox, Valerie French, Julián Mateos, Don ‘Red’ Barry, Rodd Redwing, Chief Dug Smith.

 
Onde assistir:
Shalako (filme)
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