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A Fortaleza Escondida (filme)
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A Fortaleza Escondida

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

“A Fortaleza Escondida” de Kurosawa inspirou Star Wars

“A Fortaleza Escondida” ganhou fama adicional, décadas após sua realização, quando George Lucas citou-o como inspiração para dois personagens de sua saga “Star Wars”, os androides C3PO e R2D2. À parte esse fato casual, o diretor Akira Kurosawa realizou um filme de ação eletrizante, no estilo “Uma Aventura na África” (The African Queen, 1951), de John Huston, ou mesmo, “Caçadores da Arca Perdida” (Raiders of the Lost Arc, 1981), para voltarmos novamente a Lucas, que escreveu a estória dirigida por Steven Spielberg. Todos trazem eventos sucessivos de emoção, intercalados por momentos cômicos.

É justamente esse elemento engraçado que aproxima a dupla de robôs de Lucas aos mendigos Tahei e Matashichi. A primeira parte de “A Fortaleza Escondida” foi praticamente transcrita no roteiro de “Guerra Nas Estrelas” (Star Wars, 1977). Os dois personagens, um baixinho e o outro alto, caminham por um lugar deserto e arenoso, discutindo entre si. São amigos, mas trocam insultos e tapas, até que resolvem se separar. Então, acompanhamos a breve aventura de cada um, numa época de guerra entre os reinos medievais no Japão.

Até que se reencontram e a estória passa a ser conduzida pela dupla reunida. Lucas se inspirou até na opção pela cortina como efeito de transição entre as cenas. Na entrevista contida nos extras do dvd do filme lançado pela Versátil, Lucas comenta que o fato de ambas estórias envolverem princesas guerreiras é apenas coincidência. Provavelmente, diria o mesmo sobre o duelo de lanças comparáveis aos sabres de luz.

Procura do tesouro

Os mendigos são notoriamente malandros e gananciosos, e, ao saberem que há um tesouro escondido por um dos reinos provisoriamente derrotado, partem à sua procura. Eventualmente, encontram algumas peças de ouro, mas também Rorukota Makabe (Toshiro Mifune), que, veladamente, é o general desse reino, e protetor de sua princesa, Yuki. Os quatro partem com o tesouro com destino ao território do povo de Yuki, caminhando perigosamente pelo terreno inimigo.

Filmado em scope, o enquadramento alargado aproveita para criar enquadramentos no estilo de um dos diretores admirados por Kurosawa, John Ford. Nesse sentido, a despedida dos quatro heróis, que olham para trás e se despedem da montanha e de seus amigos que mantiveram a fortaleza escondida do título, se assemelha a situações parelhas de vários faroestes de Ford. O uso de armas de fogo pelo reino dominante aproxima ainda mais o filme do gênero faroeste, contando até com cavalgadas. No entanto, Kurosawa não simplesmente copia Ford, apenas se inspira nele. Por isso, quando Toshiro Mifune persegue em cima de um cavalo dois cavaleiros inimigos, assume uma posição original, ao empunhar com duas mãos uma espada, sem se segurar nas rédeas. Em seguida, o herói trava um longo duelo de lanças com o general inimigo.

A Princesa Yuki, apesar de não ser uma guerreira e lutar, demonstra uma forte personalidade e não se deixa levar nem pelo seu experiente general. Assim, é capaz de contrariar seus conselhos, como faz quando resolve salvar uma jovem súdita capturada pelos inimigos para ser vendida como prostituta. Enfim, é uma personagem à frente de seu tempo, interpretada com vigor pela estreante Misa Uehara.

Um divertido filme de ação

“A Fortaleza Escondida” não é um dos filmes excepcionais de Kurosawa, mas consegue cativar o público com sua trama de aventura e os sempre belos enquadramentos do diretor. Possui algumas falhas técnicas, como dublagens malfeitas dos mendigos, e os efeitos nas cenas de combate nas montanhas que revelam claramente que se utilizou de montagens nada discretas quando os tiros atingem objetos perto dos protagonistas. Mas, são fraquezas perdoáveis, como o uso de miniaturas no citado filme de John Huston. Levando em conta, ainda, a grande dose de humor no filme, Kurosawa realiza aqui um filme de ação pronto para diversão leve, produzido em dimensões épicas, com uma enorme quantidade de figurantes e belos cenários.


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