O documentário Sob Total Controle revela em detalhes como o então presidente Donald Trump lidou com a pandemia da Covid-19 em seu último ano de mandato.
Assinam a direção deste longa três cineastas. Um deles é o experiente Alex Gibney, que conta com mais de cinquenta créditos dirigindo longas, curtas e episódios documentais, e que aqui também é o roteirista. Ao seu lado, estão as diretoras Ophelia Harutyunyan, estreando em longa-metragem, e Suzanne Hillinger, que também realiza aqui seu primeiro longa documental.
Depoimentos
Para construir Sob Total Controle, os realizadores filmaram depoimentos de especialistas em saúde que ocuparam cargos importantes durante o mandato do presidente anterior, Barak Obama. E, também, de outros profissionais que trabalharam na administração Trump e depois se tornaram dissidentes. Além disso, o filme entrevista também médicos em posição de liderança em hospitais, e outros profissionais de saúde envolvidos no combate à pandemia. Além disso, revela uma figura importante nesse processo, o Dr. Vladimir Zelenco, aquele que defendeu o uso de um coquetel com cloroquina no combate à Covid-19.
Além disso, complementam o filme materiais audiovisuais que sustentam a linha de tempo de ações tomadas pelo governo americano, principalmente durante o primeiro semestre de 2020. Nesse aspecto, o documentário evidencia que o manual de combate a pandemias, criado durante o governo Obama não foi seguido. E, revela a sucessão de problemas, entre eles, o kit de testes com defeito, o atraso deliberado na realização desses testes, a falta de equipamento de segurança, e a citada cloroquina.
Lealdade acima da experiência
Segundo Sob Total Controle, Donald Trump substituiu profissionais experientes por pessoas escolhidas por serem leais ao presidente. E, quando elas agiam ou declaravam algo que o descontentava, ele as dispensava. O documentário em si não captou nenhum depoimento exclusivo de quem era apoiador desse chefe de estado republicano.
Então, como um dos resultados da posição de Trump, o uso ou não da máscara de proteção se tornou um símbolo político. Nesse sentido, o filme traz imagens captadas por celulares de pessoas brigando por esse motivo em lojas e supermercados.
Em paralelo, a fim de criar um parâmetro para comparação, o filme coloca lado a lado as ações dos EUA e as da Coreia do Sul. A justificativa para selecionar esse país asiático é o fato de o primeiro caso de Covid-19 ter surgido no mesmo dia nas duas regiões.
Em suma, o relato é instigante, principalmente porque reserva uma revelação bombástica para a parte final. Tal qual em Fahrenheit 11 de Setembro (2004), de Michael Moore, o presidente pode ter um fato agravante diante de uma situação de crise. Similarmente, aqui uma gravação mostra que Trump conhecia a gravidade da pandemia.
No entanto, Sob Total Controle se arrisca por realizar uma questão ainda aberta. E, se prejudica por encerrar o registro antes do tempo, por volta de setembro. Nos créditos finais, o filme ainda consegue inserir que Trump testa positivo para a Covid. Mas, essa crise da pandemia ainda pioraria muito após o fechamento do filme.
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Ficha técnica:
Sob Total Controle (Totally Under Control) 2020. EUA. 123 min. Direção: Alex Gibney, Ophelia Harutyunyan, Suzanne Hillinger. Roteiro: Alex Gibney. Com Alex Azar, Charlie Baker, Scott Becker, Taison Bell, Deborah Birx.